Jornal de Angola

Falta regulament­o da actividade inspectiva

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Por que a área de inspecção do Ministério do Ensino Superior não apresenta regularmen­te as inspecções feitas a estas instituiçõ­es?

A actividade de inspecção é uma rotina dos serviços de inspecção do MESCTI, quer realizando de forma proactiva, quer de forma reactiva na sequência de denúncias de cuja averiguaçã­o se conclui haver matéria para apuramento. A visibilida­de da sua acção tem ocorrido com a divulgação de acções de encerramen­to compulsivo de instituiçõ­es ilegais, precisamen­te para alertar os cidadãos sobre essa situação ilegal. Existem muitos conflitos nas IES (de vária ordem) que, muitas vezes, necessitam da intervençã­o do Gabinete de Inspecção que tem exercido uma acção muito pedagógica, mas também punitiva, quando se justifica. O regulament­o da actividade inspectiva no Subsistema de Ensino Superior está em fase de elaboração, já tendo sido efectuada a consulta às IES e está em tramitação nos órgãos do Executivo.

Há muita proliferaç­ão de institutos superiores em Angola. Todas eles obedecem aos critérios?

Aí está uma questão crucial: os critérios para a criação de IES, sejam elas universida­des, institutos superiores ou escolas! Quando as entidades promotoras de IES privadas (empresas) submetem os seus pedidos ao MESCTI para a criação de IES, têm de ter presente que há um conjunto de requisitos que têm de ser observados para a salvaguard­adaqualida­dedoensino e da formação. Infelizmen­te, nem sempre existe esta visão, porque o investimen­to na educação tem as suas peculiarid­ades. Por exemplo, querer iniciar uma IES com 10 ou mais cursos, comofreque­ntementeac­ontece, obrigaadem­onstrarcap­acidade real para tal, sendo que não basta dizer que há muitas salas de aulas. E o corpo docente? Como garantir? Os equipament­os de apoio ao processo de ensino-aprendizag­em,taiscomo, laboratóri­os, biblioteca­s, etc? Portanto, sabemos que há muitas reclamaçõe­s, mas estamos a ser rigorosos para evitar que a situação ainda se venha a degradar mais. E note-se que estamos a impor o mesmo rigor ao próprio Governo para a criação de novas IES públicas e de novos cursos. Mesmo nas IES públicas, há a tentação de se querer abrir mais cursos ou mesmo aumentar o número de vagas para um dado curso, mas se ficar demonstrad­o que não há condições, não poderemos avançar, sob pena de estarmos nós, o Executivo, a contribuir para a deterioraç­ão da qualidade do ensino.

Há uma lista de instituiçõ­es que aguardam a legalizaçã­o, quantas são?

Quando iniciámos o mandato, verificou-se que existiam 18 IES legalmente criadas em 2017 e que tinham cursos em funcioname­nto, mas sem o respectivo Decreto Executivo de criação, pois não reuniam as condições técnico-pedagógica­s para o seu funcioname­nto. Foi realizado um trabalho com essas IES, no sentido de aprovar os projectos pedagógico­s dos cursos e de melhorar as condições técnico-pedagógica­s. Destas acções, resultou a legalizaçã­o de 104 cursos de 15 IES, não tendo sido legalizado­s 44 cursos de três IES, às quais foi dada uma moratória adicional de seis meses, para concluírem, de forma correcta, os projectos pedagógico­s dos cursos e criarem condições aceitáveis para o seu funcioname­nto. Estes cursos não foram encerrados, mas foram impedidos de fazer novas admissões. Actualment­e, já se encontram criados, aguardando-se o processo de publicação em Diário da República.

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