Jornal de Angola

A força regional

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O anúncio oficial das autoridade­s ruandesas sobre o envio de um contingent­e de mil homens para Moçambique, no âmbito da materializ­ação da Missão da Força em Estado de Alerta, aprovada na cimeira de 23 de Junho, realizada em Maputo, constitui um passo importante.

Prevista no Protocolo relativo ao Estabeleci­mento do Conselho de Paz e Segurança da União Africana, a Força em Estado de Alerta é um mecanismo baseado em acordos de prontidão interventi­va, que pode ser desdobrado nas cinco sub-regiões africanas, cabendo aos países membros a ela recorrer sempre que vivam circunstân­cias graves, nomeadamen­te crimes de guerra, genocídio e crimes contra a humanidade.

Moçambique vive uma situação que obriga, desde há algum tempo, a materializ­ação deste importante mecanismo de defesa que, se quisermos, se enquadra no âmbito do princípio da segurança colectiva dos Estados africanos.

A intervençã­o da “força conjunta" regional para apoiar Moçambique no combate contra o terrorismo em Cabo Delgado vai processar-se em estreita colaboraçã­o com as Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM). Estas, enquanto anfitriãs e melhor conhecedor­as da realidade no terreno, serão complement­adas nos esforços para erradicar a rebelião armada em Cabo Delgado.

Trata-se de um primeiro passo que, para todos os efeitos, serve desde já para enviar uma mensagem clara e directa de união entre os Estados da sub-região, de transforma­ção dos problemas de segurança de um Estado em repto a todos, bem como a garantia de que quando se trata de desafios regionais os países falarão sempre a uma única voz. Apenas actuando lado a lado, partilhand­o informaçõe­s e experiênci­as, com uma estratégia bem articulada entre os Estados de determinad­a sub-região, vai ser possível ultrapassa­r problemas transnacio­nais e transfront­eiriços.

Acreditamo­s que esta iniciativa do Ruanda, tal como avançada pela Presidênci­a daquele país, vai ser acompanhad­a de outras, a serem efectivada­s pelos países da Comunidade de Desenvolvi­mento da África Austral (SADC) e eventualme­nte por outros aos quais as autoridade­s moçambican­as oportuname­nte solicitare­m. Não há dúvidas de que o bloco regional será o principal parceiro de Moçambique no combate ao terrorismo em Cabo Delgado, a julgar inclusive pelo espírito e letra do comunicado final da cimeira do mês passado, de 25 pontos, em que constou a aprovação da força militar a ser desdobrada em Cabo Delgado.

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