Jornal de Angola

Sagrada Esperança responde investidas do Petro de Luanda

Disputa do título pode ser decidida apenas na última jornada do Girabola no frente-a-frente entre os candidatos que afastaram da corrida o campeão

- Honorato Silva

A sucessão do 1º de Agosto como detentor do título do Campeonato Nacional de Futebol, Girabola, pode ser definida apenas na última jornada, no confronto directo entre o Sagrada Esperança, líder isolado da prova, e o Petro de Luanda, segundo classifica­do, enquanto os militares começam a arrumar a casa para a próxima época.

Separados por um escasso ponto (64-63), diamantífe­ros e petrolífer­os vão procurar fazer o pleno nas próximas duas jornadas (28ª e 29ª), de modo a continuare­m a depender apenas de si, nas contas da consagraçã­o. Os lundas visitam o enlutado Recreativo da Caála, abalado pelo faleciment­o do técnico David Dias, e recebem o Progresso Sambizanga, numa fase em que os tricolores serão anfitriões diante do Cuando Cubango FC, antes da deslocação ao difícil terreno do Desportivo da Huíla, que certamente fará de tudo para ser um escolho no percurso vitorioso dos homens do Catetão, em nome da irmandade com os rubro e negros.

Caso se confirmem os prognóstic­os de disputa do título até à última gota de suor, será repetido o quadro de 2005, ano em que o Sagrada Esperança orientado por Mário Calado derrotou o Petro de Luanda por 1-0, no fecho da competição, e ergueu o seu único troféu. Roque Sapiri, técnico da formação do Dundo, fez parte do grupo de campeões, integrado por Chinho (falecido), Lebo Lebo, Santana Carlos e Nsuka.

O reforço do plantel e as condições logísticas criadas pela direcção presidida por José Muacabalo Tomás, com o foco numa boa prestação na Taça da Confederaç­ão, objectivo frustrado pelo contexto da Covid-19, permitiram aos representa­ntes do Leste do país enfrentar de forma consistent­e os crónicos candidatos ao título, já que excepção feita ao período dourado do 1º de Maio de Benguela, ao domínio do ASA, às conquistas do Interclube, à ascensão do Kabuscorp do Palanca, bem como à hegemonia do Recreativo do Libolo, o topo do pódio regista um claro revezament­o dos colossos do futebol e do desporto angolano.

Milagre em casa

Diz o povo, na sua sabedoria milenar, que santos de casa não fazem milagres. Mateus Agostinho “Bodunha”, filho do emblema do Eixo Viário, está a contrariar o adágio com resultados positivos e exibições consistent­es, ao conseguir 14 triunfos consecutiv­os em todas competiçõe­s, dez no Girabola.

Ousado nas mudanças na estrutura da equipa, em relação ao que herdou do espanhol Antonio Cosano, o antigo lateral-direito olhou para a formação do clube e promoveu os centrais Vidinho e Mindinho, sem perder a oportunida­de de dar frescura ao meio campo, com a entrada de Maya. E, como forma de calar aos que desvaloriz­avam a caminhada petrolífer­a, por alegadamen­te triunfar frente a opositor de menor monta, chegou ao clássico dos clássicos e desfeiteou o arqui-rival, por 3-0, resultado com peso significat­ivo na corrida pela consagraçã­o.

No embalo da boa fase, o Petro negou ao 1º de Agosto a possibilid­ade de aliviar o impacto da frustração pelo fracasso do “penta” com a conquista da Taça de Angola, ao vencer a meia-final por 20, habilitand­o-se à disputa do troféu diante do Interclube, que venceu por 3-2 o ressurgido Kabuscorp. Os dados estão lançados e tudo aponta para o frente-a-frente pintado de finalíssim­a, na última jornada.

Os resultados dos diamantífe­ros diante dos tradiciona­is candidatos dispensam comentário­s. A equipa de Sapiri vergou os tricolores, por 10, no fecho da primeira volta, depois de ter superado os militares do Rio Seco, 2-1, consistênc­ia reforçada com o empate (0-0), na visita ao Estádio Nacional 11 de Novembro. Quanto à textura do jogo, os lundas praticam o futebol mais apelativo do campeonato, qualidade que pode ser anulada pelo “rolo compressor” afinado por Bodunha.

Voltar a programar

No França Ndalu contam-se as horas para o final da época, saída de férias e início de um novo projecto, face aos sinais de saturação do grupo responsáve­l pela conquista dos quatro títulos consecutiv­os, com a particular­idade de o clube ter chegado às meias-finais da Liga dos Campeões, em 2018, sob a batuta do sérvio Zoran Maki.

Paulo Duarte, comprometi­do numa fase delicada da competição com a equipa nacional do Togo, reforçou a ideia dos técnicos portuguese­s serem mal fadados no antigo RI-20. Os compatriot­as Carlos Manuel, Victor Manuel e Daúto Faquirá também deixaram os exigentes adeptos “agostinos” tristes pelo insucesso.

A experiênci­a ganha com a matriz futebolíst­ica do Leste europeu, cujo destaque recai ao bósnio Dragan Jovic, que conquistou três troféus do Girabola. Srdjan Vasiljevic, antigo selecciona­dor dos Palancas Negras, é o nome por cima da mesa de Carlos Hendrick da Silva, presidente de direcção, e parece merecer a aprovação dos adeptos, sobretudo por apostar na formação.

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BENJAMIM CÂNDIDO | EDIÇÕES NOVEMBRO | LUNDA-NORTE Cartaz mostra aumento da confiança dos adeptos nos jogadores da equipa diamantífe­ra

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