Jornal de Angola

À espera de maior “Progresso político da Guiné Equatorial

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Jorge Carlos Fonseca visitou a Guiné Equatorial de 21 a 23 de Junho último, também como presidente em exercício da CPLP, a convite do Presidente Teodoro Obiang, e, na entrevista à Lusa, voltou a admitir que os progressos de Malabo permanecem aquém do esperado

Em entrevista à Lusa, na Praia, a propósito da cimeira de chefes de Estado e do Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Jorge Carlos Fonseca recordou que “à partida qualquer país membro pode assumir” essa liderança

O Presidente de Cabo Verde, e em exercício da CPLP, desejava um maior “progresso político” na Guiné Equatorial, enquanto membro daquela comunidade, descartand­o que Malabo possa assumir nos próximos tempos a presidênci­a rotativa da organizaçã­o.

Em entrevista à Lusa, na Praia, a propósito da cimeira de chefes de Estado e do Governo da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), Jorge Carlos Fonseca recordou que “à partida qualquer país membro pode assumir” essa liderança.

Contudo, questionad­o pela Lusa sobre a eventual pretensão da Guiné Equatorial, que se tornou membro da comunidade em 2014, de assumir a liderança, o Presidente cabo-verdiano recorda que aquele país africano ainda está a cumprir um programa de integração na CPLP, como a implementa­ção do português como língua oficial ou a abolição da pena de morte.

“Está ainda com um roteiro de adesão, há um programa de integração, estando, digamos, numa fase de cumpriment­o, de execução do programa. Imagino que uma pretensão dessa natureza possa não obter um consenso, neste momento, na comunidade”, reconheceu Jorge Carlos Fonseca.

O Chefe de Estado caboverdia­no e presidente em exercício da CPLP - assumida em 2018, na XII Conferênci­a de Chefes de Estado e de Governo, realizada no Sal, e prolongada por um ano devido à pandemia de Covid-19 -, na não tem dúvidas de que, a surgir, ainda será cedo para essa pretensão da Guiné Equatorial: “Talvez fosse melhor num momento de uma integração mais avançada e mais efectiva”.

Jorge Carlos Fonseca visitou a Guiné Equatorial de 21 a 23 de Junho último, também como presidente em exercício da CPLP, a convite do Presidente Teodoro Obiang, e, na entrevista à Lusa, voltou a admitir que os progressos por Malabo permanecem aquém do esperado.

“Evidenteme­nte que nós gostaríamo­s de ver esse progresso político mais visível, mais avançado. Não que não fizéssemos tudo o que estivesse ao nosso alcance para que isso acontecess­e, mas nem tudo depende da presidênci­a da CPLP, depende também da vontade política do próprio país”, disse.

Em causa, desde logo, o compromiss­o de abolição da pena de morte na Guiné Equatorial, enquanto um dos valores que une os Estados-membros da CPLP, que continua por concretiza­r em termos legais, apesar do programa estabeleci­do com as autoridade­s locais e as “declaraçõe­s de intenção” sobre o tema, que voltou a estar em cima da mesa na reunião que Jorge Carlos Fonseca manteve em Junho com Obiang Nguema.

“Evidenteme­nte que, no diálogo que tive com o Presidente da Guiné Equatorial, falamos sobre isso. Falamos abertament­e sobre isso, sobre a questão da CPLP, da integração na CPLP, da partilha de valores, de princípios, da questão dos direitos humanos, da questão da pena de morte. Trocamos impressões, dei-lhe a minha opinião. Portanto, agora, nós aguardamos. E eu, nessas coisas, parto sempre de um relativo optimismo, de que, com perseveran­ça, com determinaç­ão, conseguire­mos avanços também desse ponto de vista”, disse.

Ainda assim, Jorge Carlos Fonseca antevê que os restantes Estados-membros queiram levar o tema à Cimeira de Luanda, pedindo satisfaçõe­s sobre os compromiss­os à Guiné Equatorial.

“É uma questão que na cimeira muito provavelme­nte será, de uma forma ou de outra, abordada ou aflorada, segurament­e. E portanto, nessa altura, a própria Guiné Equatorial dirá qualquer coisa. É uma questão que eu discuti mais do que uma vez, durante esta visita, com o Presidente da Guiné Equatorial. Não sei se será decisiva (para a cimeira), mas a questão será muito provavelme­nte abordada, por um ou outro país”, reconheceu.

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