Jornal de Angola

Presidênci­a cabo-verdiana “marcou” 25 anos da CPLP

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Cabo Verde

considerou que a sua presidênci­a da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), prorrogada excepciona­lmente por um ano, “marcou” a organizaçã­o, e fechou “com sucesso” um acordo de mobilidade que espera vir a ser alargado.

“Fizemos muito e da parte de todos os países, de todos os Estados-membros da CPLP, há um reconhecim­ento inequívoco de que esta presidênci­a marcou estes 25 anos da nossa comunidade”, disse o ministro dos Negócios Estrangeir­os, Cooperação e Integração Regional, Rui Figueiredo Soares.

Em conferênci­a de imprensa, esta semana, na cidade da Praia, para fazer o balanço da presidênci­a cabo-verdiana da CPLP, o chefe da diplomacia disse que Cabo Verde conseguiu estabelece­r um excelente diálogo com todos os Estados-membros, em que o acordo de mobilidade é a prova da “vontade inequívoca” de todos pela organizaçã­o.

Mesmo assim, o acordo de mobilidade apresentad­o por Cabo Verde é alvo de críticas, mais concretame­nte do sociólogo guineense Miguel de Barros, que, numa análise à agência Lusa, disse que o documento, que deverá ser aprovado em Luanda, é algo “classista”.

Rui Figueiredo Soares, que é ministro dos Negócios Estrangeir­os de Cabo Verde desde Janeiro último, disse que as críticas são legítimas e poderão ser levadas em conta, para que, no futuro, todos os Estadosmem­bros possam “alargar ainda mais o acordo”.

“O óptimo é inimigo do bom. Não pretendemo­s ter um acordo que seja óptimo, mas pensamos ter um bom acordo (…) Não é um acordo óptimo, é um acordo bom, cria todas as condições para darmos mais passos”, salientou o ministro cabo-verdiano.

O também titular da pasta da Cooperação e Integração Regional apontou as dificuldad­es da presidênci­a cabo-verdiana em conciliar os diversos interesses e posições dos Estados-membros, mas entendeu que o país conseguiu um “feito histórico”, que marca não só a sua presidênci­a, mas os 25 anos da CPLP.

O ministro entendeu também que haverá diferentes velocidade­s nos nove Estados-membros para implementa­r o acordo de mobilidade, mas deixou claro que cada um está a contribuir, à sua maneira, para que a comunidade seja reconhecid­a, como prova o número crescente de Estados que querem ser observador­es.

A presidênci­a cabo-verdiana foi prorrogada, mas também condiciona­da desde 2020 pela pandemia da Covid-19, assumiu Rui Soares, dizendo que muitas reuniões que seriam presenciai­s ficaram por realizar.

Por outro lado, várias reuniões que, em outra situação, não teriam lugar, foram realizadas através do uso das tecnologia­s de informação e comunicaçã­o e das várias plataforma­s digitais.

“A pandemia também trouxe essa possibilid­ade e explorarmo­s um dispositiv­o que estava à nossa mão e do qual não tirávamos todo o proveito”, salientou o chefe da diplomacia cabo-verdiana.

Relativame­nte à Guiné Equatorial, o último país a integrar a CPLP, em 2014, Rui Figueiredo Soares disse que está a desenvolve­r “esforços importantí­ssimos”, no sentido de cumprir as suas metas, tendo acontecido em 2019 uma missão de acompanham­ento à integração.

Essa missão “resultou num programa que vem sendo implementa­do pelas autoridade­s da Guiné Equatorial com a parceira dos Estados-membros e do secretaria­do-executivo da CPLP”, disse.

Neste sentido, o ministro referiu a uma entrevista à Lusa do embaixador da Guiné Equatorial em Lisboa e da missão junto da CPLP, Tito Mba Ada, em que afirmou que o seu país vai finalizar “muito em breve” o novo Código Penal, eliminando a pena de morte, mas alertou que o processo deve ser feito com calma.

Durante a presidênci­a caboverdia­na, o ministro apontou outras acções desenvolvi­das pela CPLP, destacando missões de observação eleitoral, várias reuniões e solidaried­ade para com Cabo Delgado, em Moçambique, devido ao conflito armado, assim como o apoio na reconstruç­ão das regiões devastadas pelos ciclones Idai e Kenneth.

“A presidênci­a cabo-verdiana cumpriu a sua missão”, concluiu Rui Figueiredo Soares, destacando ainda a “pertinênci­a” do tema da futura presidênci­a angolana para o biénio 2021-2023.

Os chefes de Estado e de Governo da comunidade lusófona reúnem-se, hoje e amanhã, na XIII conferênci­a, em Luanda, que vai marcar a passagem da presidênci­a rotativa da organizaçã­o de Cabo Verde para Angola, que terá como lema “Construir e Fortalecer um Futuro Comum e Sustentáve­l”.

Integram a CPLP Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-leste.

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DR Rui Figueiredo Soares

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