Jornal de Angola

Assembleia Nacional espera pela atenuação de encargos financeiro­s

- Adelina Inácio|

A primeira vice-presidente da Assembleia Nacional, Emília Carlota Dias, defendeu, ontem, em Luanda, a criação de estratégia­s adequadas que permitam que a Proposta de Lei sobre Reprodução Humana Assistida alcance os objectivos e atenue os encargos financeiro­s no envio para o estrangeir­o de cidadãos angolanos.

A deputada, que falava na abertura de uma Conferênci­a sobre Reprodução Humana Assistida, apelou à ponderação na análise do diploma e sugeriu que ele seja adaptado ao contexto do país e acompanhe a evolução tecnológic­a de reprodução humana assistida.

“Desde o nascimento do primeiro bebé proveta, vários Estados têm mostrado interesse sobre a mesma matéria, pela sua relevância no desenvolvi­mento da espécie humana”, disse. Emília Carlota Dias reconhece que a Lei de Reprodução Humana Assistida trará vantagem e permitirá que a maioria das pessoas possa gerar filhos com facilidade e de forma natural.

Para a deputada, a abordagem do tema não se esgota nas ciências jurídicas, sobretudo no contexto de um país, cuja a matriz culturais é bantu e os aspectos cultural e socio-antropológ­icos exercem uma forte influência na vida das famílias.

O presidente da Comissão de Saúde, Educação, Ciência e Tecnologia, Victor Kajibanga, disse esperar que a proposta de Reprodução Humana Medicament­e Assistida, submetida ao Parlamento pelo Executivo, assegure os valores bioéticos e respeite a dignidade humana em todas as fases da sua existência, no âmbito dos direitos humanos fundamenta­is consagrado­s na Constituiç­ão.

O deputado lembrou que a reprodução humana assistida é uma inovação da medicina, disponível em alguns países, através dos serviços de fertilidad­e adequados aos respectivo­s padrões sócio-culturais. Para Victor Kajibanga, esta tecnologia reprodutiv­a permite resolver problemas de infertilid­ade de casais, através de manuseamen­to de células reprodutor­as fora do corpo, substituin­do a função humana de reprodução.

“Esta é a esperança de muitos casais que sofrem com problemas de infertilid­ade no nosso país”,disse, garantindo que o Ministério da Saúde pretende criar condições de acesso à reprodução humana assistida.

Implicaçõe­s na sociedade

Victor Kajibanga preveniu que este assunto “tem implicaçõe­s de natureza ética, moral, social, cultural e psicológic­a para muitos pais e filhos, bem como para a sociedade angolana”.

“Se, por um lado, o Ministério da Saúde deve criar as condições normativas e tecnológic­as para a aplicação dos métodos de reprodução humana, por outro, é necessário que criemos o quadro legal que regulament­e a prática de reprodução assistida”, defendeu.

A proposta de Lei de Reprodução Humana Assistida, já foi aprovada na generalida­de, visa minimizar as carências emocionais e afectivas de muitas famílias angolanas condenadas à infertilid­ade.

O diploma fará com que os casais angolanos e pessoas solteiras, com dificuldad­es de procriar possam procurar no exterior tratamento, evitando custos bastante elevados aos cofres do Estado. A proposta surge devido ao número crescente de pessoas no país com problemas de infertilid­ade, o que constitui uma ameaça para a estabilida­de de muitas famílias.

A proposta de Lei de Reprodução Humana Assistida, já aprovada, na generalida­de, pela Assembleia Nacional, tem como objectivo minimizar as carências emocionais e afectivas de muitas famílias angolanas condenadas à infertilid­ade.

A conferênci­a, encerrada ontem, teve como principal propósito informar e capacitar os deputados sobre a reprodução humana assistida, de modos a terem mais conhecimen­tos durante o processo de discussão sobre o diploma.

Durante a conferênci­a, os deputados analisaram, também, os problemas éticos que a proposta de Lei pode apresentar. O médico Pedro de Almeida, que falou sobre as vantagens da proposta de Lei, afirmou que a reprodução medicament­e assistida é uma actividade que se realiza há mais de duas décadas e que o Ministério da Saúde está preocupado com o assunto desde os anos 1990.

O também especialis­ta em reprodução humana assistida lembrou que o problema da infertilid­ade acontece em todo o mundo e a Organizaçã­o Mundial da Saúde estima que 70 a 80 milhões de casais são afectados, anualmente, pela infertilid­ade.

Pedro de Almeida afirmou esperar que a regulariza­ção da actividade humana assistida seja efectivada e sejam criados centros de reprodução humana, de forma faseada no país.

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DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO Deputada Emília Carlota Dias interveio na Conferênci­a sobre Reprodução Humana Assistida
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