Angola defende maior concertação para garantir segurança alimentar
O chefe da diplomacia angolana defendeu, ontem, em Luanda, maior concertação política entre os Estadosmembros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) para garantir a segurança alimentar e sistemas agro-alimentares sustentáveis das populações.
O ministro das Relações Exteriores, que discursava na abertura da III reunião plenária do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional (COSAN-CPLP), disse que a crise provocada pela pandemia da Covid19 expôs a vulnerabilidade do sector da Agricultura, sobretudo em termos de rotas de procura e oferta, por estarem ligadas a focos do novo coronavírus.
“Por isso, hoje, mais do que nunca, impõe-se uma maior concertação política e a operacionalização de um programa comum, para garantir uma segurança alimentar e sistemas agroalimentares sustentáveis, no fundo um papel mais significante no combate à fome, doenças relacionadas com a dieta alimentar e alterações climáticas”, referiu Téte António.
Segundo o governante, o diálogo é o ponto de partida para uma coordenação eficaz, manifestando satisfação pela realização da Cimeira Mundial sobre Sistemas Alimentares, convocada pelo Secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, agendada para 12 de Setembro, fórum que constitui uma oportunidade de afirmação do grupo CPLP.
“A este respeito, o Ministério das Relações
Exteriores, o Ministério da Agricultura e Pescas de Angola e a FAO lançaram o Diálogo Nacional sobre Sistemas Alimentares, a 6 de Julho, para propor soluções a nível nacional, regional e global”, disse.
O ministro angolano destacou a importância da mobilidade, “um dos principais factores para criar condições que facilitem a circulação de pessoas e bens e incentivar o investimento agrícola, pelo que será também dada particular atenção a esta questão durante a presidência ‘pro tempore’ da CPLP”, salientou.
O ministro da Agricultura e Ambiente de Cabo Verde, Gilberto Silva, na sua intervenção na reunião, lamentou que os avanços alcançados tenham sido comprometidos pelos efeitos da pandemia da Covid-19, no que diz respeito aos meios de subsistência das famílias.
“Comprometeu a mobilização dos recursos para a implementação das actividades programadas durante a II reunião ordinária da COSAN-CPLP realizada, na Ilha do Sal, Cabo Verde”, frisou.
O director-geral da CPLP, Armindo de Brito Fernandes, sublinhou que o novo contexto imposto pela pandemia da Covid-19 “veio expor as enormes vulnerabilidades já existentes e agravar as desigualdades sociais, tornando evidente a forte relação entre a degradação ambiental, alimentação e a saúde humana, bem como entre estas, a justiça e a equidade e a prosperidade das nações”.
Brito Fernandes destacou a participação da organização lusófona na Cimeira, de Setembro, promovida pela ONU, em Nova Iorque, salientando que “a CPLP tem experiências de sucesso em matérias de sistemas alimentares para partilhar, à esfera global, em particular no sistema de governança inclusiva, multi actores e multinível que criou”.
“A CPLP orgulha-se das conquistas alcançadas, desde a aprovação da ESAN [Estratégia para a Segurança Alimentar e Nutricional] CPLP, mas devemos todos estar cientes do longo caminho que ainda temos que percorrer para a realização plena do direito humano à alimentação dos nossos Estados-membros”, frisou.