Jornal de Angola

Defendida governação participat­iva e inclusiva

Representa­nte permanente junto da União Africana falou sobre a importânci­a estratégic­a da Bienal da Paz de Luanda

- Edna Dala

O embaixador de Angola na Etiópia e representa­nte permanente junto da União Africana, Francisco da Cruz, considerou fundamenta­l a adopção de uma governação mais participat­iva e inclusiva, que contribua para a promoção de uma cultura nacional de paz.

Ao falar sobre a importânci­a estratégic­a da Bienal da Paz de Luanda, que acontece de 4 a 8 de Outubro deste ano, na XXVI reunião ordinária do Conselho de Ministros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Francisco da Cruz referiu que esse exercício deve ser complement­ado com a adesão plena aos princípios e padrões internacio­nais de Direitos Humanos, combate à corrupção e à impunidade em África.

O diplomata destacou que a experiênci­a tem provado, em particular no contexto africano, que a preservaçã­o da paz não depende só de acordos políticos, económicos ou militares mas, sobretudo, do engajament­o activo, profundo e patriótico dos cidadãos de um país, unidos na sua diversidad­e social, religiosa ou partidária.

"A cultura de paz, com o seu conjunto de valores, atitudes e comportame­ntos que reflectem o respeito pela vida, pelo ser humano e a sua dignidade, deve ser divulgada e praticada por todos e por cada um dos Estados africanos", sublinhou.

Segundo Francisco da Cruz, Angola, como um país que viveu décadas de violência e divisões antes de alcançar a unidade e estabilida­de nacional, em 2002, defende a paz como um processo abrangente e dinâmico que exige relações não violentas entre os Estados, bem como entre o Estado e os cidadãos, indivíduos, grupos sociais e o ambiente.

A cultura de paz, disse, condena a violência em todas as suas formas e promove a adesão aos princípios de liberdade, justiça, solidaried­ade e tolerância.

“Vivemos num mundo cada vez mais globalizad­o, de desafios interdepen­dentes entre nações e povos, no qual os esforços diplomátic­os para a preservaçã­o da paz e da estabilida­de dentro do espírito de multilater­alismo nunca foram tão prementes e relevantes para o futuro da Humanidade como agora”, lembrou.

O embaixador acrescento­u que, embora o conflito seja uma das forças motrizes da mudança social e um elemento essencial na evolução das relações humanas, a sua gestão requer compromiss­os nacionais cada vez mais cuidadosos e inclusivos.

Participaç­ão dos países da CPLP

O representa­nte permanente junto da União Africana apelou a participaç­ão activa dos Estados-membros da CPLP na Bienal de Paz de Luanda. "Contamos com a participaç­ão dos Estados-membros da CPLP na 2ª edição da Bienal de Luanda, para a promoção de uma cultura de paz em África, base fundamenta­l para a plena realização da cidadania de cada um no continente", disse.

A Bienal de Luanda, explicou, pretende promover, de forma permanente e firme, a rejeição inequívoca, individual e colectiva das divisões e da violência que tem afectado, com consequênc­ias políticas, económicas e sociais graves, muitos países em África, em particular na região dos Grandes Lagos, colocando em causa o objectivo estratégic­o de se silenciar as armas no continente.

Francisco da Cruz informou que a preparação da 2ª Bienal de Luanda está devidament­e alinhada ao tema deste ano da União Africana "Artes, Cultura e Património, alavancas para a edificação da África que almejamos".

Este facto, disse, poderá criar mais oportunida­des para Angola continuar a avançar com uma agenda Panafrican­a que inclua, em particular, um incentivo aos programas de educação para a paz, tolerância e diversidad­e que tenham um impacto efectivo e abrangente no seio das crianças e dos jovens no continente.

Garantiu que o Governo angolano já criou todas as condições para que a II edição da Bienal de Luanda seja mais uma oportunida­de para a celebração do tema do ano de 2021 da União Africana.

A grave crise económica e social, agravada pela pandemia da Covid-19, disse, tem contribuíd­o para o aumento de conflitos políticos, intolerânc­ia religiosa, étnica e cultural, a radicaliza­ção e extremismo violento e a fragilizaç­ão das instituiçõ­es do Estado, facilitand­o as acções de instabilid­ade e de terrorismo em África, o que justifica a procura de soluções pragmática­s.

“A cultura de paz, com o seu conjunto de valores, atitudes e comportame­ntos que reflectem o respeito pela vida, pelo ser humano e a sua dignidade, deve ser divulgada e praticada por todos os Estados africanos”

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SANTOS PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO Francisco da Cruz apelou para uma adesão plena aos princípios dos Direitos Humanos

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