Coincidências levantam dúvidas
Afirmou também que realizou várias viagens a Abu Dhabi, sede da Privinvest, com Nhangumele e com António do Rosário, exdirector da Inteligência Económica do Serviço de Informações e Segurança do Estado (SISE), os serviços secretos moçambicanos, também arguido no processo, onde se encontraram com Ndambi Guebuza, que já lá estava. O arguido disse que, na Alemanha, os quatro hospedaram-se no mesmo hotel, uma informação que Ndambi Guebuza já tinha negado em tribunal.
Sobre quem pagou a viagem para a Alemanha, Bruno Langa disse que ouviu dizer que foi o SISE e em relação às deslocações a Abu Dhabi respondeu que já não se recordava de quem custeou as despesas. Interrogado pelo tribunal sobre se confirmava as despesas que pagou com o dinheiro que recebeu da Privinvest, Bruno Langa respondeu com “não sei” ou “não me lembro, meritíssimo juiz”.
Entre as facturas e recibos das contas que o tribunal mostrou a Bruno Langa como correspondentes às despesas suportadas com o dinheiro das dívidas ocultas incluem-se a compra de viaturas, entre as quais um Ferrari, várias casas em Moçambique e uma na África do Sul, e importação de gado da África do Sul.
O Ministério Público acusa os 19 arguidos das dívidas ocultas de se terem associado em “quadrilha” para delapidarem o Estado moçambicano e deixar o país “numa situação económica difícil”.
A conduta, prosseguiu, prejudicou o Estado moçambicano em 2,7 mil milhões de dólares, valor apontado pelo Ministério Público e superior aos 2,2 milhões de dólares até agora conhecidos no caso - angariados junto de bancos internacionais através de garantias prestadas pelo Governo. Os empréstimos foram secretamente avalizados pelo Governo da Frelimo, liderado pelo Presidente da República à época, Armando Guebuza, sem o conhecimento do Parlamento e do Tribunal Administrativo.