Ex-militares da Guiné foram aos antigos campos de batalha
Quarenta e cinco anos depois, combatentes guineenses voltaram a visitar os campos de batalha onde travaram combates ao lado das FAPLA contra as FALA da UNITA e o exército Sul-africano, na invasão do Cuito Cuanavale, Mavinga e Nancova
Quarenta e cinco anos depois, antigos combatentes guineenses voltaram a visitar os campos de batalha onde ajudaram as Forças Armadas Populares de Libertação de Angola a travar a ocupação do Cuito Cuanavale, Mavinga e Nancova pelo exército do apartheid e aliados. A bordo de dois helicópteros da Força Aérea Nacional (FAN), os ex-militares guineenses visitaram os antigos campos de batalha no Cuito Cuanavale, Nancova e Mavinga, na província do Cuando Cubango, onde renderam homenagem a compatriotas e companheiros de trincheira que tombaram durante os encarniçados combates travados contra as forças invasoras.
triste e lágrimas nos olhos, o grupo de 15 antigos combatentes da República da Guiné, que na década de 1976 combateram ao lado das Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA) contra o braço armado da UNITA (FALA) e o exército da África do sul, depositou uma coroa de flores no túmulo do soldado desconhecido, no antigo cemitério de Menongue, onde jaz o corpo de um militar guineense.
A bordo de dois helicópteros da Força Aérea Nacional (FAN), os ex-militares guineenses visitaram os campos de batalha no Cuito Cuanavale, Nancova e Mavinga, no Cuando Cubango, e renderam homenagem aos compatriotas e camaradas de trincheira que tombaram em combates travados naquelas localidades.
O director nacional adjunto para a Preservação do Legado Histórico Militar, Alexandre Kapenda, funcionários do Ministério da Defesa Nacional, Relações Exteriores, altas patentes das FAA, Polícia Nacional e membros do Governo local, acompanharam os ex-militares guineenses que, a cada passo, indicavam os locais de triste memória, onde integravam as unidades das FAPLA.
Secretário-geral da Associação da Missão dos Antigos Combatentes da República da Guiné para Pacificação de Angola (AMIPA-GUI), Zio Gaspard Koloumou, em declarações à imprensa, disse sentir-se regozijado por ter lutado ao lado das FAPLA, “em defesa da população angolana contra a UNITA e da invasão dos sul-africanos”.
“Estamos aqui para enviar uma mensagem aos combatentes guineenses e outros companheiros de trincheira que partiram para eternidade”. Lembrando que “o sangue derramado na frente de combate, foi por uma causa justa e graças a esse acto de bravura, o povo conhece finalmente a paz e reconciliação entre todos os angolanos que trabalham por uma Angola melhor”, declarou.
Visivelmente emocionado, Zio Gaspard Koloumou disse que “os ex-combatentes guineenses sofreram muito”, aguardando por um regresso a Angola. “É um desejo que sempre manifestaram junto da Embaixada de Angola em Conacri”, afirmou.
Recordou que o primeiro contingente de militares guineenses que viajou de Conacri para Angola era composto por 250 efectivos que, depois de um curto período de treino, numa unidade militar cubana, foi distribuído por várias frentes, incluindo o Cuando Cubango, onde estava localizado o quartelgeneral da UNITA e os combates eram mais intensos.
Disse que têm a intenção de localizar os túmulos dos compatriotas tombados no Cuando Cubango, durante a guerra de 1976, para poderem ser exumados e entregues as ossadas às respectivas famílias para serem enterrados nas zonas de origem.
Fazendo recurso a um bloco de apontamentos, que levava sempre no bolso durante o tempo de guerra, Zio Gaspard Koloumou disse que vai recolher alguns depoimentos dos antigos membros das FAPLA e de outros compatriotas para escrever um livro sobre as memórias da guerra de 1976.
Actualmente, com 69 anos, pai de seis filhos, Zio Gaspard Koloumou ostenta a patente de tenente-coronel na reforma. Passados 45 anos, sentiu-se feliz por voltar a visitar a antiga Vila Nova da Armada (Nancova).
Morto em Combate
Kante Adraman, 47 anos, perdeu o pai, Lau Adraman, durante a guerra de 1976 no Cuando Cubango. Agradeceu o gesto do Presidente, João Lourenço, que convidou os ex-combatentes guineenses a visitarem Angola. Diante do túmulo do pai, o único sepultado no antigo cemitério municipal de Menongue, Kante Adraman, não conseguiu conter as lágrimas .
O tenente-coronel guineense na reforma Mori Kourouma, ex-chefe de secção de infiltração, exploração, reconhecimento e informação, disse ser “um momento ímpar regressar ao terreno, onde há 45 anos travou combates com as FALA e o exército da África do Sul”.
Lembrou com nostalgia o malogrado Alexandre Kapenda “El Louco”, pai do actual director nacional adjunto para a Preservação do Legado Histórico Militar, “um homem destemido em combate, cujas façanhas no teatro das operações combativas eram de cortar a respiração”.
O primeiro contingente de militares guineenses era composto 250 efectivos que, depois foi distribuído por várias frentes, incluindo o Cuando Cubango