Jornal de Angola

“Tweilly Bamba é um diamante a ser lapidado”

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Depois de termos conversado com Tweilly Bamba, cruzamo-nos com o seu irmão Joãozinho Maradona, antiga estrela do Progresso do Sambizanga, hoje comentaris­ta do programa A Voz dos Kotas, da Rádio Cinco. Desafiamo-lo a descrever Tweilly Bamba, o artista, o homem de família, o nacionalis­ta.

falar de Tweilly Bamba. É uma pessoa que nasceu para esta arte e a cultura. Também foi um excelente jogador de futebol. Foi júnior no Maxinde, com Mendinho, Matateu e Sousa. O Quim sempre teve esta veia musical e já fazia serenata em todas as zonas por onde passávamos.

Ele não tem um disco no mercado, mas já demonstrou que é um dos melhores músicos angolanos. Ainda bem que vai retomar esta actividade, para satisfação e gaúdio da família e dos seus fãs.

Tweilly Bamba teve o ensejo de estar ligado a vários grupos. Na fase de transição ia com o Zecax ao Rangel, ao encontro do falecido Inocêncio, cantado e imortaliza­do por Zecax no tema “Colono ua Tugiba”. Esteve ligado a um grupo no Huambo, com o meu primo Nelson

Santos, depois, com o Nona Cadência, ao grupo da Segurança de Estado. Meu irmão deu um outro sentido organizaci­onal ao Jovens do Prenda, atingindo a responsabi­lidade de dirigir os recursos humanos. Encontrou nos jovitos um grupo forte, mas que precisava de uma organizaçã­o interna e ele conseguiu isso, fruto da sua forma de ser e carácter. . A herança de Tweilly nos Jovens do Prenda não era fácil de ser superada, mas felizmente depois entrou o Dom Caetano, que substituiu Tweilly Bamba. Tweillly Bamba não está devidament­e explorado, como músico é um diamante a ser lapidado. As suas músicas ainda são virgens. Ele é um artista completo, também escritor, não tem livro publicado, mas tem muitas poesias, ele compõe e cria as suas músicas.

Houve a necessidad­e, por razões políticas, de ele deslocar-se à República do Zaire, onde sei que teve vários encontros com artistas locais. Porque tinha um pojecto muito importante ligouse ao falecido Francó. Em 1987 ou 1988 trouxe o Musafro Internacio­nal e deu ao Festival Variante um outro toque, como grande showman. Veio com vestimenta e estilo que muitos artistas seguiram posteriorm­ente. O Musafro que ele criou no Zaire trouxe a Mama Chantal, uma das maiores bailarinas e coreógrafa­s do

Zaire e do TP OK Jazz e excompanhe­ira de Matadidi

Buana Kitoko. A nossa dançarina Florinda Miranda inspirou-se nela, na sua forma de estar em palco.

Ele teve um compromiss­o com a pátria em 1974, envolveu-se no movimento revolucion­ário e é um dos que estiveram na base da fundação da DISA e da Segurança de Estado. Durante muito tempo foi professor de criminalís­tica e formou muita gente da DISA e do SINSE. Fruto da inveja e intriga, no Huambo, foi preso no dia 27 de Maio de 1977.

No dia 11 de Novembro de 1975 esteve próximo de Agostinho Neto no acto da proclamaçã­o da Independên­cia Nacional. Meu irmão esteve preso no Bentiaba e na

Casa de Reclusão na Sala da

Morte. Ele depois criou o programa Kussuquila, na Feira Popular, que algumas pessoas abraçaram mas depois, por receio, viraram-lhe as costas.

Ser bangão e vaidoso é caracteris­tico dos filhos da Dona Santa, que era uma vaidosa por natureza”.

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