Gladiadores e a sua antiga origem
Gladiador, do latim gladius (modelo de espada utilizada pelos romanos), era uma pessoa que, na Roma Antiga, lutava com outra pessoa ou animal, às vezes, até à morte, para entretenimento do público romano.
Os combates entre gladiadores, inicialmente realizados para homenagear alguns homens nos seus actos fúnebres, recebendo o nome de múnus, era restrito a membros da elite romana e o primeiro relato data de 264 ac, em Roma. Com o tempo, as apresentações passaram para o grande público nos anfiteatros, sendo os primeiros construídos de madeira, como o de Pompeia, em 70 ac; depois, foram construídos diversos outros pelo império, incluindo o maior dentre eles, o anfiteatro Flávio (Coliseu Romano), construído em 80 dc, que poderia comportar entre cinquenta mil e oitenta espectadores de todas as camadas da sociedade romana.
A palavra múnus tem a sua origem de múnus, do latim, que significava um papel, uma função de um cidadão perante a sociedade, como por exemplo, um cargo público. Na Roma Antiga, essas obrigações “incluíam a distribuição de alimentos, provisões para o exército, manutenção de estradas, muralhas e aquedutos, construção de edifícios públicos, hospedagem de soldados e altos funcionários do império.” (Garraffoni, 2005). Mas se no caso dos combates de gladiadores, o termo múnus fúnebre indicava um tributo a alguém que faleceu, portanto a palavra passa a ter um carácter privado, e não mais público.
A partir do século I, o papel dos múnus começa a mudar e percebe-se que os espectáculos faziam parte importante da vida das pessoas, seja da elite, seja na população em geral. Os gladiadores estavam presentes em diversos contextos da sociedade, no âmbito religioso, político, económico, militar e até mesmo no quotidiano romano. Assim como os combates de gladiadores mais conhecidos, estes de carácter fúnebre também eram até à morte e, segundo as numerosas esculturas encontradas na cidade de Porcuna, podia haver funerais, como o de Viriato, com duzentos pares de lutadores combatendo até à morte em honra ao falecido.
A arqueologia confirmou esses rituais funerários. Essa tese institui que vários séculos antes da chegada dos romanos à península Ibérica em 218 ac, já se celebrava como parte dos rituais funerários, combates sangrentos equivalentes aos gladiadores de Cápua e Roma.
Muitos estudiosos do século XIX, que eram contrários aos jogos de gladiadores, tentaram encontrar na própria época dos jogos alguma oposição a eles. Alguns estudiosos taxaram a filosofia dos estoicos gregos de que o “homem é sagrado ao homem” e a cristandade também foi responsável pelo declínio e posteriormente pelo desaparecimento dos jogos.