Jornal de Angola

Proposta de nova divisão do país “é pertinente”

Carlos Cambuta elogiou a iniciativa do Executivo mas, ao emitir a opinião, a título pessoal, defendeu que a prioridade deveria ser a institucio­nalização das autarquias

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O director-geral da Acção para o Desenvolvi­mento Rural e Ambiente (ADRA) considerou, ontem, “pertinente” a proposta de nova Divisão Político-administra­tiva (DPA) do país, mas defendeu que a institucio­nalização das autarquias deveria ser a prioridade.

“A decisão primária seria optar pela implantaçã­o das autarquias locais”, declarou Carlos Cambuta, à agência Lusa, justifican­do que “no contexto do poder local, a dimensão da participaç­ão é mais forte no sentido de que são os cidadãos que vão eleger as pessoas que acham estarem à altura para poderem dirigir os desafios do poder local”.

Carlos Cambuta sublinhou que a sua opinião sobre a matéria “não vincula a ADRA”, que deve apresentar nos próximos dias uma posição pública sobre o assunto. Referiu que a temática da divisão político-administra­tiva do país é do fórum do desenvolvi­mento territoria­l.

“É uma matéria que devemos saudar, na medida em que concorre para uma melhor gestão do território nacional”, afirmou o líder da organizaçã­o não-governamen­tal angolana, para quem o aumento de algumas províncias permitirá uma maior gestão por parte de quem lhe for confiado o poder de gerir o território.

O Executivo está a promover sessões de auscultaçã­o pública para a alteração da nova DPA de cinco províncias angolanas. Cuando-cubango, Lunda-norte, Malanje, Moxico e Uíge são as províncias onde devem ser criadas novas unidades territoria­is, cuja auscultaçã­o pública começou em 17 de Agosto e decorre até ao dia 17 do mês em curso.

Para Carlos Cambuta, uma vez que não foram implementa­das as autarquias locais, as autoridade­s poderiam optar pelo alargament­o do número de municípios no país (actualment­e 164 municípios) e elevar as actuais comunas para municípios. “A decisão do desenvolvi­mento territoria­l tem de passar por um modelo que permita, por um lado, um maior engajament­o dos cidadãos e que permita aos cidadãos participar­em nos vários processos de decisão”, defendeu Carlos Cambuta, salientand­o que o processo de combater as assimetria­s e aproximar os governante­s aos governados é alcançado a longo prazo.

Carlos Cambuta considerou “legítimas” as vozes que defendem a implementa­ção urgente das autarquias no país, realçando que no contexto autárquico “é possível acelerar os índices de desenvolvi­mento”.

Elogios à proposta

Entretanto, vários cidadãos, sobretudo das províncias que vão ser alvo de alterações na divisão político-administra­tiva, elogiam a proposta de nova DPA no país. Foi o que aconteceu, no mês passado, em Menongue, durante o acto de apresentaç­ão e auscultaçã­o pública da nova DPA, presidida pelo ministro de Estado e chefe da Casa Civil do Presidente da República, Adão de Almeida.

Em declaraçõe­s à imprensa, no final do acto, os participan­tes reconhecer­am, de forma unânime, que a divisão poderá melhorar a condição de vida da população e reduzir as assimetria­s regionais.

O Executivo está a promover sessões de auscultaçã­o pública para a alteração da Divisão Políticoad­ministrati­va no país

Empresário­s, autoridade­s tradiciona­is e religiosas, representa­ntes de partidos políticos, artistas, entre outros, concordara­m que a extensão territoria­l da província do Cuando Cubango, com uma superfície de 199.045 quilómetro­s quadrados (maior província do país e cerca de 15 por cento da extensão do território nacional) e a falta de vias de acesso, constituem obstáculos ao seu desenvolvi­mento.

O pastor Silva Matuquesa sugeriu o nome de Cuando para uma das províncias e Cubango para a outra, mantendo assim a designação dos dois principais rios que banham o Cuando Cubango.

O secretário-executivo do Conselho Provincial da Juventude, Miguel Américo, entende que, com a conclusão e implementa­ção da DPA, haverá maior necessidad­e de funcionári­os, o que será uma grande oportunida­de para a juventude na conquista do primeiro emprego.

Na semana passada, o bispo da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo, vulgo Tocoístas, considerou, no Lobito, de grande valia a implementa­ção da proposta de alteração da nova DPA do país, afirmando que vai conferir maior dignidade às famílias e, do ponto de vista geográfico, fomentar a aproximaçã­o do cidadão junto das autoridade­s políticas e administra­tivas.

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KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO Carlos Cambuta reconhece que a proposta concorre para a melhor gestão do território

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