Empresas decidem obrigatoriedade de vacinas para os funcionários
O Governo sul-africano planeia encorajar a população a ser vacinada com incentivos como jogos de futebol e concertos para pessoas que tenham sido imunizadas contra a Covid-19
O Governo sul-africano anunciou ontem que vai deixar que as empresas do país decidam tornar ou não obrigatórias as vacinas contra a Covid-19 para empregados e clientes, naquele que é o país africano mais afectado pela pandemia.
“Não é nossa prioridade começar a pensar em legislação e regulamentos que dizem que cada adulto deve ser vacinado”, afirmou o ministro da Saúde, Joe Phaahla, que acrescentou: “Deixamos isso para aqueles que dirigem indústrias e serviços”.
De acordo com o governante, citado pela agência noticiosa Associated Press (AP), restaurantes, bares, mercearias e outras empresas devem definir as suas próprias políticas sobre se insistem ou não na vacinação.
O Governo sul-africano planeia encorajar a população a ser vacinada com incentivos como jogos de futebol e concertos para pessoas que tenham sido imunizadas contra a Covid-19.
Actualmente, e segundo Phaahla, o Departamento Governamental está a discutir outras formas de promover a administração de vacinas junto da população. Algumas empresas sul-africanas anunciaram que vão tornar obrigatória a vacinação de todos os funcionários.
A empresa de seguros de saúde e serviços financeiros Discovery emitiu, esta semana, uma declaração em que afirmou que vai exigir que todos os seus empregados sejam vacinados a partir do início do próximo ano, “dada a clara obrigação moral e social, tal como informado pelo propósito central de tornar as pessoas mais saudáveis e melhorar e proteger a vida de todos os empregados”.
Oposição
A maior federação de trabalhadores do país, a Cosatu, que representa mais de 20 dos maiores sindicatos sulafricanos, disse que se opõem à vacinação obrigatória e que alguns dos seus sindicatos filiados já estão a informar que os seus trabalhadores estão a ser “forçados e coagidos a ser vacinados” com a ameaça de despedimento.
“Todos queremos que as vacinas sejam aceites pelas pessoas, todos queremos que esta implementação seja acelerada. Mas quererse que as pessoas sejam punidas ou recompensadas com base no facto de serem ou não vacinadas é algo perigoso”, disse o porta-voz da Cosatu, Sizwe Pamla, à AP.
Mais de 13 milhões de sul-africanos receberam pelo menos uma dose da vacina contra a Covid-19, incluindo 5,7 milhões que estão totalmente vacinados com duas doses da Pfizerbiontech ou uma dose da vacina Johnson & Johnson.
De acordo com os números oficiais, cerca de 250.000 doses estão a ser injectadas por dia, um valor inferior ao objectivo de 300.000 inoculações por dia.
A África do Sul quer vacinar 40 milhões de pessoas da sua população de 60 milhões até ao final deste ano, afirmou o vice-presidente David Mabuza. O país está actualmente a lutar contra o ressurgimento do vírus e, nas últimas 24 horas, registou 9.200 casos e 418 mortes, elevando o total de fatalidades para quase 83.000.
A África do Sul é o país mais afectado pela Covid19 em África, com os seus 2,7 milhões de casos a representarem mais de um terço dos 7,6 milhões registados nos 54 países africanos.
A Covid-19 provocou pelo menos 4.529.715 mortes em todo o mundo, entre mais de 218,96 milhões de infecções pelo novo coronavírus, registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-presse.