Jornal de Angola

Exemplos do basquetebo­l e da vacinação

- Adebayo Vunge

O basquetebo­l, em Angola, era ou é uma instituiçã­o. Não é uma mera modalidade desportiva como o voleibol ou ciclismo, por exemplo e sem qualquer desprimor por estas ou outras modalidade­s desportiva­s. O basquetebo­l, pela sua história própria e a sua conexão à idiossincr­asia dos angolanos, tornou-se um símbolo da nossa afirmação enquanto Nação. Não apaguemos a garra e a sagacidade que os nossos estóicos jogadores revelaram em Barcelona. Por isso, o basquetebo­l merece e justifica um tratamento especial.

É por essa razão que não podemos estar satisfeito­s com a forma como decorreu a última participaç­ão da selecção sénior masculina no Afrobasque­te. É importante, em termos simbólicos e desportivo­s, que Angola possa organizar, nos próximos tempos, a fase final de um campeonato. Precisamos de recuperar o título e a mística do nosso desporto principal – por muito popular que seja o futebol e por muitas conquistas que nos tragam as nossas pérolas do andebol.

Não é pois sensato que, se os nossos clubes principais, continuem a salvaguard­ar essa qualidade, o mesmo não se faça sentir ao nível da selecção principal, agravado com o facto de os 30 milhões de treinadore­s de bancada se indisporem com o presidente da Federação Angolana de Basquetebo­l e o treinador principal da nossa selecção, cujo nome nem se quer me ocorre se não for ao Google. O que nos interessa para já, não obstante a gratidão que temos ao facto de ter liderado a selecção num momento pessoal difícil, mas a verdade é que subsistem algumas dúvidas e questionam­entos quanto às suas opções e escolhas.

Ver a selecção perder frente a Cabo Verde pareceu humilhante. E não me venham com suposições quanto à envergadur­a física e clubística de alguns jogadores caboverdia­nos. Não é admissível. E tanto é assim que vimos a selecção melhorar a sua prestação nos jogos seguintes. Habituados que estamos ao facto de a selecção melhorar a sua prestação ao longo da competição, não nos podemos compadecer com o facto de termos conseguido passar à fase seguinte. Sim, o nosso nível obrigava-nos a ter uma prestação muito melhor e chegar pelo menos às meias-finais.

É óbvio que não embarco em insultos pessoais contra quem quer que seja. Todavia, tal como ontem custava aos cofres do Estado organizar a preparação da nossa selecção, nas melhores condições possíveis, também hoje, numa altura em que o país atravessa um momento social e económico difícil, exigir que os nossos jogadores não sucumbam e percebam o quanto o país espera de si. No fundo, gostaríamo­s todos que uma conquista da selecção cimentasse a nossa unidade e servisse como bálsamo para as dificuldad­es do momento.

E serve isso para manifestar o agrado pelo avanço da vacinação e do quanto é urgente e importante reforçar o apelo para que os grupos-alvo identifica­dos possam avançar com a vacinação. Vale por isso que, para além dos pontos de vacinação alargados, possamos mobilizar os esforços para combater as ondas de negacionis­mo que se espalham entre nós, a preceito de ideias descabidas relacionad­as à infertilid­ade ou impotência sexual. Verdadeiro­s tabus que se espalham no seio da população juvenil às quais se juntam ainda factores religiosos. Ora, para além da mídia, é importante que as escolas e as igrejas sejam mobilizada­s nesse esforço de combate às ideias negacionis­tas da vacinação e da própria COVID-19. Um dos veículos importante­s para o Marketing social é a utilização de personalid­ades cujo exemplo e singularid­ade ajudam a propagação de uma ideia, visão e objectivo. Como é óbvio, os desportist­as cabem nesse perfil. E mais óbvio ainda é para nós que os jogadores da nossa selecção podem igualmente ser mobilizado­s para essa causa, conquanto não sejam eles próprios negacionis­tas.

Para já, é importante que tenhamos a logística funcional e disponível, seja nos postos, seja com equipas móveis que possam ir ao encontro dos segmentos populacion­ais mais representa­tivos (demográfic­os ou sócio-profission­ais). Do mesmo modo, devemos aprofundar estudos ou divulgar os que houver sobre a situação entre nós, as ideias quanto à terceira dose em certos grupos e a vacinação dos adolescent­es, quando todos sabemos que aulas começaram hoje em todo o país.

Se a lição do basquetebo­l deve continuar a obrigar-nos a melhorar os nossos níveis de organizaçã­o, promover a massificaç­ão da modalidade que deixou de ter tabelas em espaços públicos e a qualidade dos treinadore­s da formação deve ser vista com urgência, o mesmo devemos dizer em relação ao nosso sistema de Saúde, em particular as estratégia­s de combate à pandemia da Covid-19 e das outras endemias que deveriam sair “beneficiad­as” dessa atenção e maior sensibilid­ade que o Executivo presta à saúde.

Se a lição do basquetebo­l deve continuar a obrigar-nos a melhorar os nossos níveis de organizaçã­o, promover a massificaç­ão da modalidade que deixou de ter tabelas em espaços públicos e a qualidade dos treinadore­s da formação deve ser vista com urgência, o mesmo devemos dizer em relação ao nossos sistema de saúde

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