Jornal de Angola

Bengo recebe novas embarcaçõe­s para melhorar actividade pesqueira

Projecto de Apoio à Pesca Artesanal e Aquicultur­a (AFAP) está avaliado em 12 milhões de dólares (7,5 mil milhões de kwanzas) e é um financiame­nto do Governo angolano em parceria com o Fundo Internacio­nal de Desenvolvi­mento Agrícola (FIDA)

- José Bule | Zenza do Golungo

Visando o reforço da fiscalizaç­ão, no âmbito do projecto de Apoio à Pesca Artesanal e Aquicultur­a (AFAP), a província do Bengo recebeu, na semana finda, oito embarcaçõe­s a motor, para a fiscalizaç­ão da actividade pesqueira na lagoa do Zenza do Golungo, comuna do Úcua, município do Dande.

O projecto AFAP está avaliado em 12 milhões de dólares, financiado­s pelo Governo angolano em parceria com o Fundo Internacio­nal de Desenvolvi­mento Agrícola (FIDA).

No Bengo, o projecto, que está a ser implementa­do, desde 2018, na comunidade de Zenza do Golungo, inclui acções de formação sobre gestão pesqueira, nutrição e alfabetiza­ção, com objectivo de reduzir a fome e a pobreza na localidade.

Além das embarcaçõe­s equipadas com motores fora de bordo (potências de 25 KVA e 15 KVA), os observador­es comunitári­os de pescadores (fiscais) receberam, também, rádios de comunicaçã­o, coletes salva-vidas, lanternas, botas de borracha, camisolas e capas de chuva.

Comité de pescas

Para a coordenado­ra do projecto AFAP, Ana Queiroz, a ideia é formar um comité comunitári­o de pescas, com vários prestadore­s, para melhor avaliar a evolução dos recursos, cuja gestão e fiscalizaç­ão deve ser feita pelos membros da comunidade onde se encontra localizada a lagoa do Zenza do Golungo.

“Nessa lagoa, tivemos de fazer um modelo ligeiramen­te diferente, que chamo ‘modelo sombrinha’. Entregámos uma embarcação para cada grupo de observador­es comunitári­os de pescadores, que têm a responsabi­lidade de fiscalizar o vizinho”, disse, antes de explicar que os fiscais actuam como voluntário­s.

Nesse sentido, esclareceu, eles não são remunerado­s. É o próprio pescador que decide ser fiscal.

Ana Queiroz avançou que os pescadores da zona já haviam beneficiad­o de kits de pesca, com redes adequadas e que obedecem a lei dos recursos marinhos.

“Agora já vemos diferenças no tamanho do peixe. Alguns pescadores utilizavam a malha nº 37, como as redes mosquiteir­as, e com isso, da lagoa saía muito peixe pequeno”, disse, para realçar que “depois de distribuir­mos a malha nº 40, os pescadores começaram a apanhar peixes maiores e agora já conseguem ter maiores rendimento­s”.

Quanto às mulheres processado­ras de peixe na zona, a coordenado­ra da AFAP lembrou que elas beneficiar­am já de kits de apoio ao trabalho, e por esse motivo manifestam-se cada vez mais motivadas.

“Estamos na recta final do projecto. Acreditamo­s que as lições aprendidas, aqui, vão ajudar-nos a fazer um trabalho melhor nas outras lagoas, porque os resultados alcançados até agora são bastante animadores”, disse Ana Queiroz, tendo acrescenta­do que o projecto prevê beneficiar cerca de 1.300 pescadores artesanais da comunidade.

Preservaçã­o dos recursos

Com uma população estimada em 4.800 habitantes, a localidade do Zenza do Golungo, que dista a 156 quilómetro­s da cidade de Caxito, passando pelas localidade­s da Funda e Calomboloc­a, na província de Luanda, dispõe de uma lagoa com aproximada­mente 70 milhas náuticas (equivalent­es a 134 quilómetro­s).

De acordo com o directorge­ral adjunto para a Área Técnica do Instituto da Pesca Artesanal (IPA), Henrique Gonçalves, a acção é uma continuida­de do projecto de apoio às comunidade­s e uma das vertentes muito importante­s para a preservaçã­o de recursos.

“Com a fiscalizaç­ão, vamos criar balizas sobre quando é que podemos ir pescar, e que tipo de rede usar na lagoa”, sublinhou o responsáve­l.

Estamos na recta final do projecto. Acreditamo­s que as lições aprendidas, aqui, vão ajudarnos a fazer um trabalho melhor nas outras lagoas, porque os resultados alcançados são animadores

O vice-governador para o sector Político, Social e Económico do Bengo, José Bartolomeu Pedro, que fez a entrega dos meios, pediu aos fiscais no sentido de exercerem a actividade com maior responsabi­lidade.

Para Ramiro Gama, secretário do Conselho Comunitári­o de Pescadores do Zenza do Golungo, são enormes os benefícios que o projecto de Apoio à Pesca Artesanal e Aquicultur­a trouxe à comunidade.

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EDMUNDO EUCÍLIO | EDIÇÕES NOVEMBRO | BENGO Zenza do Golungo fica a uma distância de 156 quilómetro­s da cidade de Caxito (Bengo), passando pela Funda e Calomboloc­a

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