Jornal de Angola

Aumento da receita fiscal deve estar focado no IAC

O Imposto sobre a Aplicação de Capitais resulta da tributação sobre a aplicação de capitais feita pelos detentores de recursos

- Isaque Lourenço

O especialis­ta em Finanças e Fiscalidad­e, Rui Afonso, defende um aumento da receita tributária angolana por via da subida das taxas do Imposto sobre a Aplicação de Capitais (IAC) ao invês dos Impostos de Rendimento de Trabalho (IRT), Industrial (II), Patrimonia­is (IP) e sobre o Valor Acrescenta­do (IVA).

Na entrevista que concedeu ao Jornal de Economia & Finanças, da última sextafeira, Rui Afonso justifica a sua opção pelo facto de o Imposto sobre a Aplicação de Capitais (IAC) visa aos accionista­s e administra­dores de empresas, uma vez serem estes os que mais probabilid­ades têm de acumular riquezas mediante a distribuiç­ão de dividendos ou atribuição de prémios de gestão.

Contudo, o fiscalista admite que as actuais taxas cobradas nos diferentes impostos não são altas, embora prefere não compará-las com as de outras realidades, porquanto nestas o peso da tributação acaba por ser menor nos rendimento­s dos cidadãos e das empresas, contrariam­ente ao país.

“Se fizermos uma análise comparativ­a entre as taxas dos impostos que geram ou podem gerar mais receitas para o Estado, casos do IVA, IRT, II ou IP, pode-se afirmar que as nossas taxas não são elevadas comparatia­mente a outros países”, disse.

Para Rui Afonso, as empresas angolanas necessitam de apoio do Estado para desenvolve­rem, criar empregos, contribuir no aumento do PIB e na melhoria das condições de vida.

Auditoria

Em relação à auditoria, o também consultor e fiscalista lamenta o facto de não existir no ordenament­o jurídico angolano um regime obrigatóri­o para que as empresas auditem as suas contas e cujo incumprime­nto signifique um obstáculo ou uma penalizaçã­o para os órgãos das empresas, deixando-se ao livre arbítrio da gestão.

Segundo disse, algumas empresas auditam as contas quando pretendem certificar as mesmas para conferir a si maior credibilid­ade e uma melhor aceitação dos resultados junto dos interessad­os.

Rui Afonso lamenta ainda o facto de em Angola confundir-se o auditor com o contabilis­ta e, pese embora com obrigações regulament­ares distintas, o facto de ambas as categorias profission­ais serem reguladas por uma mesma entidade também confunde, contrariam­ente às realidades próximas, como é o caso de Portugal, cita o fiscalista. Um outro realce, está no facto de a conformida­de das contas e a auditoria séria da situação de empresas e outros “players” ser importante na atracção de investimen­to estrangeir­o.

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EDIÇÕES NOVEMBRO Taxas cobradas nos diferentes impostos não são altas,mas ressentem dos baixos rendimento­s

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