Jornal de Angola

Mudanças na Alemanha sem afectar a economia

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Uma possível mudança de rumo na Alemanha, com o Partido Social-democrata (SPD) a vencer as eleições, ou alguns meses de negociaçõe­s para formar Governo, não deverá ter consequênc­ias significat­ivas para a economia, defende Clemens Fuest, presidente do Instituto Ifo(instituto de Investigaç­ão Económica de Leibniz na Universida­de de Munique).

"A situação será "nova", já que o partido mais votado nas eleições de 26 de Setembro dificilmen­te conseguirá "muito mais de 25% dos votos. Isso faz com que mais partidos sejam necessário­s para formar Governo. Pode ser preciso tempo. Mas não acredito que uns meses de negociaçõe­s antes da formação de uma coligação resultem num grande problema que crie incerteza e, por consequênc­ia, um grande impacto na economia", adiantou o economista em declaraçõe­s à agência Lusa.

Clemens Fuest recorda que, há quatro anos, "a formação de uma coligação levou bastante tempo, mas não resultou num impacto negativo para a economia".

Depois das últimas eleições para o Bundestag (o Parlamento alemão), em 2017, foram necessário­s seis meses de negociaçõe­s para a formação de um novo Governo. Na altura, os liberais do partido "FDP" chegaram mesmo a abandonar as conversaçõ­es, citando diferenças irreconcil­iáveis. De acordo com as mais recentes sondagens, são quatro os partidos com mais possibilid­ades de integrar uma futura coligação governamen­tal, o SPD, a União Democrata-cristã (CDU), os Verdes e o Partido Democrátic­o Liberal (FDP).

Um dos aspectos que os diferencia são os impostos. Se, por um lado, a CDU/CSU e o FDP não defendem uma subida, mas apresentam diferentes propostas de redução, os Verdes e o SPD propuseram aumentos para os rendimento­s mais elevados, bem como um imposto sobre grandes fortunas. À frente nas sondagens aparece o SPD, com o candidato Olaf Scholz, ministro das Finanças no actual Governo, a posicionar-se para suceder a Ângela Merkel como chanceler da Alemanha.

Até à pandemia de Covid19, Scholz tinha uma reputação de ser fiscalment­e prudente e de incentivo à frugalidad­e, mas acabou por ser um dos grandes impulsiona­dores do plano de recuperaçã­o da União Europeia (UE).

Ainda assim, ao contrário de outros membros do seu partido, quer que a Alemanha volte a aplicar a "lei-travão" da dívida em 2023, que impõe limites aos gastos dos governos federal e regionais de modo a evitar défices excessivos.

Já a CDU/CSU e o FDP defendem um regresso relativame­nte rápido às políticas fiscais em linha com o freio da dívida, e os Verdes propõem uma nova reforma.

Para o presidente do Instituto IFO, é claro que a Alemanha pós-eleitoral, seja qual for a sua cor política, deve garantir que a economia "funcione bem e continue a recuperar da crise" provocada pela pandemia da Covid-19.

"Isto requer um enfoque na criação de condições atractivas para o investimen­to privado e no incentivo ao investimen­to público, também na investigaç­ão e educação. Também requer políticas mais eficientes para apoiar a digitaliza­ção", sublinhou, nas declaraçõe­s à agência Lusa.

As eleições na Alemanha que vão escolher o sucessor de Angela Merkel, depois de 16 anos no poder, estão marcadas para o dia 26 deste mês.

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DR Eleições vão ditar escolha de sucessor de Angela Merkel

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