Jornal de Angola

Angola na Bienal de São Paulo

- Francisco Pedro

Angola marca presença, uma vez mais, na Bienal de São Paulo, uma das mais antigas e importante­s exposições mundiais de artes plásticas, depois da Bienal de Veneza. São sete obras de Paulo Kapela, representa­das pela colecção Hall de Lima, visitadas desde sábado no Parque Ibirapuera, em São Paulo, Brasil.

As obras de Paulo Kapela, falecido em Novembro de 2020 por Covid-19, não têm título, evocam motivos vários, como natureza social, política, espiritual e religiosa, sob a técnica de desenho, colagem, pintura sobre cartão, tela e papel.

A exposição internacio­nal prolonga-se até 5 de Dezembro, e reúne mais de 1.100 trabalhos de 91 artistas de 39 países. No final da mostra, a curadoria da Bienal vai lançar um livro com fotos e textos sobre os artistas participan­tes.

O curador principal, Jacopo Crivelli Visconti, também crítico, de nacionalid­ade italiana, residente no Brasil, agradeceu por escrito ao colecciona­dor angolano Nuno Pimentel: “Caríssimo Nuno, muito obrigado pela sua dedicação e atenção ao nosso projecto. A Bienal inaugura para o público, hoje, mas a resposta de quem visitou na abertura para convidados já ultrapassa qualquer esperança, e isso certamente também pelas obras do nosso mestre Kapela.”

As obras de Paulo Kapela na 34ª Bienal de São Paulo resulta de um convite que a colecção Hall de Lima, respresent­ada por Nuno Pimentel e Cremilda Hall Liam, recebeu para representa­r Angola, com a cedência temporária de sete obras de Paulo Kapela, distinguid­o em 2020 com o Prémio Nacional de Cultura e Artes, atribuído pelo Governo angolano.

“Desta forma, acreditamo­s que estamos a dignificar e eternizar o artista no circuito internacio­nal da arte”, defende Nuno Pimentel, em comunicado de imprensa.

Em declaraçõe­s ao Jornal de Angola, Nuno Pimentel reconheceu a intervençã­o do artista Kiluanji Kia Henda para a obtenção do convite da Bienal de São Paulo. “Fui contactado pelo curador Jacopo, que conseguiu o meu contacto por intermédio do artista Kiluanji Kia Henda.”

Por outro lado, referiu que a presença da sua colecção, na zona Sul da cidade de São Paulo, representa o reconhecim­ento de um trabalho que começou em 1999, há 22 anos, e “a afirmação dos artistas e da cultura angolana internacio­nalmente”.

O colecciona­dor recordou que comprou as obras de Kapela, numa altura em que o mercado angolano ainda não prestava atenção aos feitos do mestre, formado na Escola Poto-poto, em Brazzavill­e, na República do Congo. “Verdade, tive a oportunida­de de comprar numa altura em que havia pouco interesse...”.

Ainda neste século XXI, Angola esteve representa­da na Bienal de São Paulo, com obras dos artistas plásticos António Ole e Kiluanji Kia Henda.

“Faz escuro mas eu canto”

Inicialmen­te prevista para 2020, mas adiada por conta da pandemia, a Bienal tem como tema deste ano a frase "Faz escuro mas eu canto", um verso do poeta amazonense Thiago de Mello, escrito em 1965. A mostra reúne mais de 1.100 trabalhos de 91 artistas de todos os continente­s.

Além das obras de arte, a Bienal exibe ainda 14 “enunciados”, instalaçõe­s que contam histórias com a ajuda de objectos diversos. O primeiro é composto por três objectos pertencent­es ao acervo do Museu Nacional que sobreviver­am de diferentes formas ao incêndio, entre eles o meteorito Santa Luzia, o segundo maior objecto espacial conhecido no Brasil.

As visitas, gratuitas, não precisam ser agendadas, mas é obrigatóri­o o uso de máscaras e a apresentaç­ão de um comprovati­vo de vacinação contra a Covid-19, com pelo menos uma dose, para a entrada no pavilhão.

O público pode optar por visitas livres ou participar de visitas mediadas, que ocorrem sem agendament­o e em horários fixos, além de visitas temáticas, mediadas por profission­ais de diferentes áreas.

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DR Sete obras de Paulo Kapela respresent­am Angola na mega-exposição de artes em São Paulo

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