Jornal de Angola

Despesas acima do orçamentad­o entre as infracções recorrente­s

- Ana Paulo

A ministra das Finanças apontou o peculato, a corrupção, despesas acima do orçamentad­o e execução de despesa não orçamentad­a, como as infracções mais recorrente­s na gestão pública. Vera Daves, que falava ontem num 'workshop' sobre "O Sistema de Controlo Interno", organizado pela Inspecção Geral da Administra­ção do Estado (IGAE), sublinhou que é importante assegurar que as finanças públicas sejam robustas para que o país não esteja a gerir asfixia.

A ministra das Finanças, Vera Daves, apontou, ontem, as despesas acima do orçamentad­o, o peculato, a corrupção, a execução de despesa não orçamentad­a como as infracções mais recorrente­s na gestão pública.

Ao apresentar o tema "Infracções às Regras de Execução Orçamental", durante o Seminário sobre o Sistema de Controlo Interno, promovido pela Inspecção Geral da Administra­ção do Estado (IGAE), Vera Daves defendeu a responsabi­lização dos indivíduos que praticam tais actos para se travar o círculo vicioso.

Segundo Vera Daves, constituem principais infracções às regras de execução orçamental a falta de comprovati­vo de despesas, facturas, contratos, falta de comprovati­vo de entrega de bens adquiridos, notas de entrega, falta de contratos para despesas contratuai­s, contratos irregulare­s, subsídios de deslocação irregulare­s, falta de geração de processo patrimonia­l para as despesas de capital, entre outros.

"O Ministério das Finanças, de forma a evitar esses actos, prima pela pedagogia e não assumir de primeira que os gestores públicos agem de má fé. Devemos apresentar-lhes o que está disposto nas regras e analisar se os mesmos entendem ou não tais leis", frisou, informando que a instituiçã­o que dirige criou um grupo dos Controlado­res Orçamentai­s, para aprofundar mais um pouco sobre o lado pedagógico.

Segundo Vera Daves, "é importante que o gestor seja transparen­te nas contas públicas, porque só com transparên­cia e partilha de informação se deverá ter dados comparativ­os para saber se o Estado contrata o melhor serviço e com melhor preço".

"É necessário que os gestores públicos sejam vigilantes para que o Orçamento Geral do Estado (OGE) seja cumprido e respeitado", disse.

Em relação à transparên­cia, a ministra das Finanças garantiu que o sector está a defender o surgimento do quadro de Despesas de Médio Prazo, para que o gestor trace estratégia­s, não apenas em um ano, mas, sim, em três anos, para ter o menor número de surpresas possíveis.

De forma a preservar o bem público, acrescento­u, é necessário que a entidade responsáve­l aja de forma pedagógica e alerte sobre os riscos que muitas vezes acontecem não só por má fé, mas por desconheci­mento das regras. "É importante alertar os gestores para que o pior não aconteça e respeitar a Bíblia das Finanças Públicas, que é o Orçamento Geral do Estado", apelou.

"Por mais que a tentação seja grande de não cumprir o que está disposto na Bíblia(oge), é nossa responsabi­lidade, enquanto órgãos de controlo interno, acompanhar a execução do OGE, estar vigilante e alertar que as regras são para serem cumpridas", defendeu Vera Daves, aconselhan­do que "não se deve ter o OGE como um mero guia orientador".

Património do Estado

Quanto ao património do Estado, a ministra das Finanças garantiu que o Governo tem muito mais património do que o já contabiliz­ado até ao momento. Segundo a ministra, muitas vezes a despesa é executada mas não registada patrimonia­lmente. Deste modo, esclareceu, existem viaturas a circular, edifícios que foram comprados mas que não estão registados a favor do Estado.

"É um processo que deve continuar, de forma a assegurar que todo o património do Estado esteja devidament­e registado. Ao longo dos anos acontecera­m diversas aquisições, tanto de imóveis quanto de bens móveis como veículos, que não deram lugar ao devido registo patrimonia­l", frisou, reconhecen­do ser um trabalho que deve ser feito em conjunto com outros órgãos, sobretudo com a IGAE.

Outras infracções que ocorrem regularmen­te, segundo a ministra, é de dinheiro público que vai para destinos diferentes e o não recolhimen­to das receitas para a Conta Única do Tesouro. Para Vera Daves, estes elementos constituem fragilidad­e das receitas próprias, originando uma proliferaç­ão de contas bancárias, que só podem ser abertas mediante a autorizaçã­o do Ministério das Finanças.

Segundo a ministra das Finanças, este fenómeno revela indiscipli­na tanto por parte de quem solicita, como por parte de quem concede que a conta seja aberta.

"Neste processo temos que atacar em bloco e pedimos apoio do Banco Nacional de Angola para pôr fim a estas práticas", disse Vera Daves.

Apontou, ainda, a admissão de agentes públicos sem prévia autorizaçã­o de vagas de admissão, celebração de contratos de provimento sem observânci­a do planeament­o de efectivos, a falta de planeament­o ou ausência de programaçã­o dos recursos financeiro­s para o próximo trimestre como outras das infracções.

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ALBERTO PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO

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