Jornal de Angola

Recomeça o julgamento sobre o “11 de Setembro”

Os cinco homens, encarcerad­os há 15 anos na prisão naval norte-americana, situada no Sudeste de Cuba, não comparecia­m em tribunal desde o início de 2019

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O julgamento do presumível cérebro do 11 de Setembro, Khalid Sheikh Mohammed, e de quatro outros acusados foi, ontem, retomado na base militar norte-americana de Guantanamo, quando os Estados Unidos se preparam para assinalar os 20 anos dos atentados.

Os cinco homens, encarcerad­os há 15 anos na prisão da base naval norte-americana, situada no Sudeste de Cuba, não comparecia­m em tribunal desde o início de 2019, antes da pandemia de Covid-19 ter interrompi­do o processo.

O julgamento, que deriva de uma justiça militar de excepção e parece estar ainda distante do fim, deverá recomeçar onde parou, com a defesa invocando actos de tortura quando os acusados estavam nas mãos dos Serviços Secretos Externos norte-americanos (CIA), para fazer com que seja invalidada a maioria das provas apresentad­as pelas autoridade­s dos EUA.

O caso é liderado por um novo magistrado militar, o coronel Matthew Mccall, que é o oitavo a tomá-lo a seu cargo.

O oficial deixou claro que não terá pressa, tencionand­o passar o resto da semana em reuniões com a acusação e a defesa. E poderá demorar ainda meses, talvez mesmo mais de um ano até o julgamento entrar na fase decisiva, devido aos imensos recursos interposto­s pelos advogados de defesa para obter documentos.

Um dos advogados da defesa, James Connell, assegurou mesmo que “não sabia”" se o julgamento chegará um dia ao fim.

A defesa argumenta que os cinco acusados, Khalid Sheikh Mohammed, Ammar al-baluchi, Walid bin Attash, Ramzi bin al-shibh e Mustafa al Hawsawi, padecem ainda das sequelas da tortura infligida pela CIA durante a sua detenção nas prisões secretas da agência entre 2002 e 2006.

Acusados de “assassínio e actos terrorista­s”, os cinco homens comparecer­ão numa sala de audiência de elevada segurança, rodeada por cercas de arame farpado. Se forem considerad­os culpados, poderão enfrentar a pena de morte.

Diante deles, estão familiares das 2.977 pessoas cuja morte lhes é imputada e jornalista­s.

A retomada do julgamento assume repercussõ­es particular­es, pouco antes das cerimónias em memória das vítimas dos atentados perpetrado­s há 20 anos nos Estados Unidos.

Para a acusação, mesmo que os interrogat­órios da CIA sejam invalidado­s, a condenação dos cinco homens não oferece qualquer dúvida.

Acusados de “assassínio e actos terrorista­s”, os cinco homens comparecer­ão numa sala de audiência de elevada segurança, rodeada por cercas de arame farpado.

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DR A prisão de Guantanamo alberga apenas presos considerad­os terrorista­s de alto risco

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