Jornal de Angola

África quer mecanismo financeiro permanente contra crises globais

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O enviado especial da União Africana para a Covid-19, Strive Masiyiwa, defendeu a criação de um mecanismo permanente de financiame­nto, para os países mais pobres enfrentare­m pandemias e outros desastres de impacto mundial.

“Aprendemos a lição de que não podemos andar à procura de dinheiro durante uma crise, o mundo precisa de saber que pode haver outra crise semelhante, e por isso pedimos ao Fundo Monetário Internacio­nal e ao Banco Mundial para liderarem a criação de uma estrutura permanente de financiame­nto”, disse Masiyiwa.

O representa­nte da União Africana falava, sexta-feira, durante a conferênci­a de imprensa semanal da Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS), dedicada a África.

“A arquitectu­ra das promessas financeira­s não resulta, porque o comprometi­mento de verbas é sujeito a condições e mais condições e mais condições, até à crise passar, e isso não pode ser. Não podemos estar dependente­s da partilha de vacinas, particular­mente, quando podemos chegar à mesa das negociaçõe­s e dizer que também queremos comprar dos mesmos fabricante­s e nas mesmas condições” dos países mais ricos, acrescento­u.

Para este empresário sulafrican­o que tem liderado as negociaçõe­s de compras de vacinas em nome da União Africana, os fabricante­s nunca “deram acesso a sério às vacinas, deram sempre numa base diferente, primeiro, porque não havia produção suficiente, mas tinham uma responsabi­lidade moral de deixar todos acederem, e isto é muito triste”.

Depois, salientou, porque os acordos bilaterais tiveram primazia face às encomendas de instituiçõ­es internacio­nais de distribuiç­ão de vacinas. Para contornar estas dificuldad­es, principalm­ente quando a competição é contra países mais ricos e poderosos, Strive Masiyiwa diz que a solução foi “implementa­r capacidade de produção em África para África”.

“E por isso defendemos o apelo para que os direitos de propriedad­e intelectua­l sejam suspensos, em nome do bem comum. Se não for agora, então em que situação podem ser suspensos?”, questionou.

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