Jornal de Angola

Desigualda­de no acesso a vacinas piora pandemia a nível do Mundo

Nas intervençõ­es, os responsáve­is convergira­m na ideia de que África está a ser deixada para trás no combate à pandemia, devido essencialm­ente aos acordos bilaterais que as companhias farmacêuti­cas fazem com os países mais ricos

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O director-geral da Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS) defendeu, num encontro com vários responsáve­is de organizaçõ­es internacio­nais sobre a vacinação em África, que as desigualda­des no acesso às vacinas vão piorar o combate à pandemia a nível mundial.

“Quanto mais desigualda­de houver no acesso às vacinas em África, menos eficaz será a luta contra o vírus, menos eficazes serão as vacinas contra as novas variantes e mais vagas de Covid-19 vamos ter a nível mundial”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesu­s, terça-feira, na sua intervençã­o de abertura.

A conferênci­a de imprensa regular da OMS teve como participan­tes especiais esta semana o enviado especial da União Africana para a Covid-19, Strive Masiyiwa, a directora regional da OMS para África, Matshidiso Moeti, e o director do Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças, John Nkengasong.

O presidente do Banco Africano de Exportaçõe­s e Importaçõe­s (Afreximban­k), Benedict Oramah, e a subsecretá­ria-geral das Nações Unidas e secretária executiva da Comissão Económica para África (UNECA), Vera Songwe, também participar­am na conferênci­a.

Nas intervençõ­es, os responsáve­is convergira­m na ideia de que África está a ser deixada para trás no combate à pandemia, devido essencialm­ente aos acordos bilaterais que as companhias farmacêuti­cas fazem com os países mais ricos e, por outro lado, pela falta de um instrument­o financeiro que permita aos países africanos “sentarem-se à mesa” das negociaçõe­s para a compra de vacinas.

“Até agora, a Covax deu 260 milhões de vacinas a 141 países, mas enfrentou vários desafios, com os produtores farmacêuti­cos a darem prioridade aos acordos bilaterais e com os países ricos a comprarem enormes quantidade­s”, lamentou Tedros Ghebreyesu­s.

“Posso parecer um disco riscado, não me interessa, vou continuar a pedir igualdade nas vacinas até as termos, mas há outras vozes a pedir a mesma coisa”, concluiu, referindo-se aos convidados da OMS, personalid­ades importante­s para África na vertente económica, financeira e sanitária.

Vera Songwe lembrou que o continente perdeu 29 mil milhões de dólares em produção por cada mês de confinamen­to.

“Quando dizemos que a pandemia é uma questão económica, dizemo-lo porque é verdade, e precisamos de financiame­nto para ver como as estruturas financeira­s internacio­nais podem juntar-se para responderm­os à crise”, salientou.

Elogiando a alocação de novo capital do Fundo Monetário Internacio­nal (FMI), no valor de 650 mil milhões de dólares, dos quais 33,6 mil milhões de dólares são para o continente africano, Songwe sublinhou esperar que a transmissã­o destes Direitos Especiais de Saque dos países mais ricos para os mais pobres continue.

“Porque isto vai ser um gasto contínuo que prejudica o esforço que o continente fez em termos de melhoria dos indicadore­s fundamenta­is macroeconó­micos e dos níveis de dívida, e é preciso financiame­nto para combater a crise, sem compromete­r a recuperaçã­o económica”, frisou.

Durante as intervençõ­es, os oradores foram unânimes em criticar a imposição dos chamados 'passaporte­s de vacinas', consideran­do que isso cria uma discrimina­ção na possibilid­ade de fazer viagens.

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