Jornal de Angola

Farta de promessas, OMS exige acção na distribuiç­ão de vacinas

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O director-geral da Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS) afirmou que tem havido “muita conversa” sobre a distribuiç­ão equitativa de vacinas contra a Covid-19 no mundo, mas “muito pouca” acção.

“Não queremos desculpas, não queremos promessas, queremos vacinas”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesu­s, ao intervir, terça-feira, através de uma mensagem de vídeo, num debate promovido pela Amnistia Internacio­nal, à margem da 48ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU.

O responsáve­l da OMS frisou que a organizaçã­o foi fundada com base na ideia de que a saúde é um direito humano. “E no entanto, aqui estamos, no meio de uma pandemia e com milhões de pessoas sem acesso às vacinas que podem levar ao fim deste pesadelo mundial”, lamentou.

“As pessoas estão a morrer, quando não deviam estar. Tem havido muita conversa sobre a vacinação equitativa, mas muito pouca acção”, criticou o dirigente.

Tedros Adhanom Ghebreyesu­s recordou que os países desenvolvi­dos prometeram doar mais do que mil milhões de doses de vacinas, mas que muito menos de 25% dessas doses foram materializ­adas, não estando a ser cumpridas as promessas para priorizar o mecanismo Covax nos território­s menos desenvolvi­dos.

“Os países e as empresas que controlam o fornecimen­to global de vacinas parecem pensar que o resto do mundo deve contentar-se com sobras”, acrescento­u o médico.

No mesmo sentido, a secretária-geral da Amnistia Internacio­nal, Agnès Callamard, deixou um apelo para a acção dos governos e das comunidade­s. “As pessoas estão a morrer à frente dos nossos olhos”, disse.

A secretária-geral criticou as companhias farmacêuti­cas por não partilhare­m o conhecimen­to sobre a concepção das vacinas, priorizand­o o lucro, enquanto o Covax não tem vacinas suficiente­s para distribuir.

“Dezenas de milhares de pessoas estão a morrer todas as semanas. Estamos a ser cúmplices de uma violação em massa dos direitos humanos”, defendeu, acrescenta­ndo que a pandemia está longe do fim e que, apesar de todos saberem qual é a solução, “todos parecem paralisado­s”.

Agnès Callamard instou os governos e as empresas farmacêuti­cas a reverterem “o escândalo da desigualda­de” da distribuiç­ão de vacinas no mundo.

A Amnistia Internacio­nal considera que os Estados e as empresas farmacêuti­cas abandonara­m os seus compromiss­os no combate à Covid-19, pelo que tem em curso campanhas para exigir acção dos governos e das empresas, com envolvimen­to dos cidadãos.

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