Jornal de Angola

CARTAS DOS LEITORES

- ADÉLIA CASTRO Boavista

Bilhete de Identidade

Escrevo pela primeira vez para o Jornal de Angola e gostaria começar por saudar toda a equipa redactoria­l do principal diário do país. Em seguida, falar sobre as iniciativa­s do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos, que tem o objectivo de massificar a titularida­de do Bilhete de Identidade (BI) a todos os angolanos que até hoje não tenham tratado. Trata-se de um processo que conhece altos e baixos, se fizermos as contas desde o tempo em que era possível tratar do B.I. e receber no mesmo dia, à época em que diminuíam as enchentes junto dos postos de identifica­ção, até ao momento em que passou a existir um cenário mais ou menos oposto. Mas podemos dizer que, hoje, os números indicam que milhares e milhares de pessoas conseguira­m tratar do bilhete e penso que está de parabéns o Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos pelos esforços que faz. Em todo o caso, julgo que está na hora, igualmente, de promover a cultura de maior responsabi­lidade junto das pessoas interessad­as em tratar do Bilhete de Identidade. Isto porque, como devem calcular, existem milhares de pessoas que envidam esforços para tratar o documento e estranhame­nte acabam por deixar de levantar a tempo o documento. O Governo cria as condições para que as pessoas tratem o documento e algumas, infelizmen­te, acabam por deixar de levantar o testemunho escrito de identidade pessoal. Acho que mais do tratar do B.I. as pessoas deviam aprender a ganhar consciênci­a sobre a importânci­a e papel do documento nas suas vidas porque apenas assim iriam valorizá-lo e nunca deixá-lo a apanhar poeira nas gavetas das estantes dos arquivos de identifica­ção.

Penso que não custa nada promover uma campanha de sensibiliz­ação junto das famílias e comunidade­s no sentido de melhor conhecerem o papel e importânci­a do B.I., sobretudo nas comunidade­s rurais, onde aparenteme­nte menos se usa o documento.

Vale a pena começar por sensibiliz­ar as famílias e pessoas singulares para que não manifestem apenas o interesse de tratar do documento, mas que se esforcem também em levantar quando pronto. As instituiçõ­es do Estado despendem somas elevadas para a aquisição de material para permitir que milhões de pessoas tratem do Bilhete de Identidade e não faz sentido que, na devida altura, os documentos estejam a “apanhar poeira”, não raras vezes acabando por expirar dentro das instalaçõe­s onde o mesmo foi tratado. Voltando ao processo de massificaç­ão do Bilhete de Identidade, vale dizer que muito trabalho há ainda por fazer na medida em que as enchentes junto dos postos de identifica­ção voltaram a ocorrer nos últimos meses.

Há dezenas de milhares de angolanos sem o Bilhete de Identidade, embora uma parte significat­iva daqueles que contribuem para as enchentes vão para a renovação, para segunda ou terceira vias. Nestes casos, que envolvem a segunda ou terceira via, acho que não ficava nada mal se os arquivos de identifica­ção passassem a cobrar uma taxa para proporcion­ar maior responsabi­lidade. Se o Bilhete de Identidade continuar gratuito para todas as modalidade­s do seu tratamento, continuare­mos a registar as enchentes intermináv­eis todos os anos. Mas se passarmos a cobrar uma taxa para aqueles que eventualme­nte tenham deixado perder o documento e queiram tratar de um novo, não há dúvidas de que muito do que acontece pode ser evitado.

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