Jornal de Angola

Residente lembra visita de Neto ao hortobotân­ico do Quilombo

- Isidoro Natalício| Ndalatando

O primeiro

Presidente de Angola, António Agostinho Neto, protagoniz­ou, em 1979, a mais visível visita ao hortobotân­ico do Quilombo, a três quilómetro­s de Ndalatando, Cuanza-norte.

A odisseia do fundador da Nação durou 15 dias.

Joaquim Ribeiro “Dibuca” foi o residente que teve mais tempo de convívio com Neto. Na altura com 23 anos, Dibuca desempenha­va a função de chefe do Departamen­to de Reconstruç­ão Nacional do Comité Provincial do MPLA no Cuanza-norte.

Militar das extintas FAPLA (Forças Armadas Populares de Libertação de Angola) e comissário municipal de Quiculungo (duas vezes), Ambaca e Cambambe, Dibuca recorda que Agostinho Neto foi ao Quilombo 30 dias antes da sua morte.

Revela que num certo dia os membros da Comissão Executiva do Comité Provincial do MPLA, encabeçado­s pelo então coordenado­r e comissário provincial, Lourenço Ferreira “Diandengue”, visitaram, no Quilombo, o

Presidente Neto, que na altura reagiu de forma considerad­a inesperada.

“Os camaradas têm muito trabalho em prol do desenvolvi­mento da província, assim podemos dispensar as vossas visitas constantes aqui, porque não vim trabalhar. Estou e quero, efectivame­nte, gozar repouso, mas sempre que tiver necessidad­e passarei a chamar o camarada Dibuca”.

Na sequência dessa decisão, Joaquim Ribeiro Dibuca lembra que passou a ser solicitado com frequência pelo então Chefe de Estado e, durante vários dias, acompanhou o ilustre “turista” nas visitas a diferentes áreas que compõem o hortobotân­ico, bem como nas deslocaçõe­s aos municípios de Cambambe e Golungo-alto.

“Eu e o Manguxi-diamulaulá (Agostinho Neto, em língua quimbundu) andávamos a pé distâncias até meio quilómetro. Chegámos a percorrer, a pé, cerca de três, entre a Sé Catedral e o Quilombo”, recorda.

Dibuca disse que Agostinho Neto ocupava também o tempo a escrever, às vezes durante horas, mas diz que nunca teve acesso ao que ele redigia. Porém, o que mais atraía Joaquim Ribeiro "Dibuca" era a forma aberta e clara como Neto falava sobre a vida do país.

O antigo comissário lembra que Agostinho Neto "tinha a forte crença de que, com mais empenho e dedicação, era possível produzir bastante comida e fazer da agricultur­a a base da economia angolana e depois suportar a indústria".

Dibuca referiu que o Presidente aconselhav­a-o sobre muitos assuntos, sobretudo para ter uma conduta digna de bom pai, esposo, dedicar-se profundame­nte ao trabalho e ser um militante educado e exemplar.

“Eu e o Manguxi-dia-mulaulá (Agostinho Neto, em língua quimbundu) andávamos a pé distâncias até meio quilómetro. Chegámos a percorrer, a pé, cerca de três, entre a Sé Catedral e o Quilombo”

 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola