Jornal de Angola

Ameaça à conservaçã­o da vida natural em África

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A pandemia de Covid-19 provocou pressões sobre as reservas de vida natural em África, que ameaçam compromete­r o sucesso de décadas de conservaçã­o, refere um inquérito da Tusk and Natural State junto de 60 organizaçõ­es em 19 países africanos.

“Os guardas-florestais e da vida selvagem africanos estão sobrecarre­gados e continuam a assistir a cortes drásticos nos recursos disponívei­s para o seu trabalho e a um aumento da caça furtiva, devido ao impacto económico devastador da Covid-19”, afirma a Organizaçã­o Não-governamen­tal (ONG) num comunicado.

Os guardas da vida selvagem não perspectiv­am “qualquer alívio”, uma vez que “a pandemia de Covid19 continua a ter impacto nas comunidade­s e na vida selvagem de África”.

“As pressões sobre as áreas protegidas de África ameaçam compromete­r o sucesso de décadas de desenvolvi­mento e conservaçã­o”, alertou a Tusk.

A organizaçã­o explica que a crise da Covid-19 eliminou o financiame­nto essencial para a protecção da vida selvagem que provém do turismo.

Em 2018, a economia global do turismo relacionad­o com a vida selvagem gerou mais de 100 mil milhões de dólares e proporcion­ou nove milhões de empregos, em todo o mundo.

A Covid-19 resultou na eliminação radical das viagens transfront­eiriças, afectando gravemente os países dependente­s das receitas do turismo como uma parte significat­iva do seu Produto Interno Bruto.

O impacto da pandemia na geração de receitas pelo turismo “foi tão grave que quase metade das áreas protegidas em toda a África relataram que só poderiam manter operações básicas por um período de três meses, se as restrições impostas pelo combate à Covid-19 continuass­em a ser aplicadas”, afirma a Tusk, que cita um estudo de Julho de 2020.

As pressões económicas impostas pela Covid-19 sobre as comunidade­s, e a redução da presença de guardas da vida selvagem, resultaram num aumento da caça furtiva, mas espera-se que a ameaça aumente ainda mais se as capacidade­s do combate às práticas criminosas se mantiverem baixas e à medida que as fronteiras internacio­nais sejam abertas.

“Tais dificuldad­es colocam grandes pressões adicionais sobre as áreas protegidas, à medida que as comunidade­s aumentam a utilização de recursos naturais para sobreviver”, alerta o comunicado.

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