Cabo Verde já recebeu acima de 615 mil doses de vacinas
As primeiras doações de vacinas chegaram a Cabo Verde em Março passado, através do mecanismo COVAX, lançado pela Organização Mundial da Saúde e financiado por vários parceiros internacionais, como a União Europeia
Cabo Verde já recebeu mais de 615 mil doses de vacinas contra a Covid-19, doadas sobretudo por países europeus e essencialmente da Astrazeneca, segundo dados oficiais compilados pela Lusa.
De acordo com os registos do Ministério da Saúde, o arquipélago tinha recebido, até 5 de Setembro, 559.050 doses de vacinas e, na segunda-feira, 13 de Setembro, chegou ao aeroporto da Praia um novo donativo de 56.000 doses, do Governo do Luxemburgo, também da Astrazeneca.
A doação daquele país europeu foi a primeira de um objectivo estabelecido pelo Luxemburgo de entregar 350 mil doses de vacinas a países parceiros, começando assim por Cabo Verde.
“Chegou ao nosso país em boa hora, quando estamos a fazer um grande esforço para vacinar a nossa população, com a colaboração dos nossos parceiros bilaterais, incluindo a iniciativa COVAX. Mais de 70% da população adulta já foi vacinada com pelo menos uma dose e pretendemos, até finais de Outubro, atingir os 85%”, afirmou Ulisses Correia e Silva, depois da entrega do donativo luxemburguês.
As primeiras doações de vacinas chegaram a Cabo Verde em Março passado, através do mecanismo COVAX, lançado pela Organização Mundial da Saúde e financiado por vários parceiros internacionais, como a União Europeia. Chegaram, na altura, 24.000 doses de vacinas Astrazeneca (as únicas produzidas na Índia administradas no arquipélago até agora) e 5.800 da Pfizer.
Portugal já fez duas doações de vacinas, em Maio e em Julho, totalizando 48.000 doses da Astrazeneca. Igualmente daquele fabricante, foram doadas a Cabo Verde mais 100 mil doses pela Hungria, em Junho, 150.050 doses pelos Países Baixos, em Julho, e 150 mil doses pela Eslovénia, em Setembro.
Antes, Cabo Verde recebeu 31.200 doses também da Astrazeneca, da França, através do mecanismo COVAX, e 50 mil doses da Sinopharm, doadas pela China.
O plano de vacinação contra a Covid-19 em Cabo Verde abrange para já apenas adultos e a primeira meta é vacinar 70% da população. A população elegível (todos acima dos 18 anos) para a vacinação no arquipélago ronda as 370 mil pessoas e as vacinas recebidas em Cabo Verde até ao momento já são suficientes (duas doses) para mais de 300 mil pessoas.
Oficialmente, até ao dia 12 de Setembro, a taxa de vacinação nacional rondava os 74% da população adulta com a primeira dose e 25% já com a segunda dose administrada. Contudo, municípios das ilhas de Santo Antão e São Nicolau já têm praticamente toda a população adulta vacinada com pelo menos uma dose.
A meta de vacinar 85% da população adulta até final de Outubro é justificada com a necessidade de relançamento do turismo a tempo do próximo Inverno na Europa, época alta da procura turística pelo arquipélago por parte dos países emissores, num sector que representa 25% do Produto Interno Bruto. Caboverdiano está praticamente parado desde Março de 2020, devido à pandemia.
“O esforço de recuperação e relançamento da economia vai ser duro, mas vamos conseguir. Nós, os cabo-verdianos, os parceiros, o sector empresarial nacional, os investidores externos, iremos juntos ultrapassar a fase mais difícil e relançar a economia”, apontou o Primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva.
Portos
Os portos de Cabo Verde movimentaram um recorde de 168.753 passageiros no transporte marítimo inter ilhas em Agosto, aumentando quase 40% no espaço de um mês e 125% face a 2020, segundo dados oficiais consultados pela Lusa.
De acordo com o mais recente relatório de tráfego da Enapor, empresa pública responsável pela gestão dos nove portos do arquipélago, o registo de Agosto também não tem paralelo com o mesmo mês de 2019 (antes da pandemia de Covid-19), então com 118.755 movimentos de passageiros.
No mês de Julho, já tinha sido atingido um pico de 120.705 passageiros movimentados (embarques e desembarques) nos portos de Cabo Verde, segundo o histórico da Enapor, tráfego que assim continua a recuperar das fortes quebras desde Abril de 2020, quando as viagens inter-ilhas de passageiros foram condicionadas pelas medidas para conter a pandemia de Covid-19.
A CV Interilhas, liderada (51%) pela portuguesa Transinsular, do grupo ETE, detém a concessão do serviço público de transporte marítimo de passageiros e carga, durante 20 anos, sendo actualmente a única empresa a operar neste sector no arquipélago e que admitiu que a pandemia representou uma quebra de 30% na actividade em 2020.
Do total de Agosto, 36,2% representou o movimento no Porto Grande e 30,1% no Porto Novo, respectivamente nas ilhas vizinhas de São Vicente e Santo Antão. O Porto da Praia, capital do país, registou uma quota de 10,4% do total, com um movimento que aumentou para 17.607 passageiros, indica o relatório da Enapor, a que a Lusa teve acesso.
Ainda em Agosto, os portos de Cabo Verde movimentaram 643 escalas de navios, um aumento de 9,7% face a Julho e de 15% comparando com Agosto de 2020.
Já o movimento de mercadorias caiu 22,8% face a Julho, para 171.113 toneladas, mas cresceu 17% comparando com Agosto de 2020.
Os portos de Cabo Verde movimentaram, em 2020, um total de 757.011 passageiros, uma quebra de quase 30% face ao ano anterior, explicada com os efeitos da pandemia de Covid-19, que obrigou à suspensão das ligações inter-ilhas.
De acordo com o relatório de tráfego anual elaborado pela Enapor, no espaço de um ano, foram transportados menos 314.249 passageiros (-29,3%).
As ligações marítimas de passageiros foram totalmente suspensas pelo Governo de Cabo Verde, entre final de Março e meados de Maio de 2020, com o estado de emergência, para conter a transmissão da Covid-19.
Desde 3 de Setembro de 2020 que os navios que garantem essas ligações interilhas podiam usar até 75% da lotação nas viagens superiores a três horas e meia, contra os 50% estipulados desde a retoma do serviço em Maio, devido à pandemia de Covid-19, conforme previsto numa resolução do Conselho de Ministros.
Essas restrições foram levantadas em Agosto, por decisão do Governo caboverdiano, face ao avançado processo de vacinação contra a Covid-19, obrigando os passageiros à apresentação de teste negativo ou certificado de vacinação.