Jornal de Angola

Nações Unidas alertam para aqueciment­o global “catastrófi­co”

Secretário-geral da ONU alerta para consequênc­ias das alterações climáticas e defende compromiss­os de redução de emissões de gases mais ambiciosos

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Os compromiss­os assumidos pelos Estados signatário­s do Acordo de Paris estão a conduzir o mundo a um aqueciment­o global “catastrófi­co” de +2,7°C, longe do objectivo de 1,5°C para limitar os efeitos destrutivo­s da alteração do clima, alertou, sexta-feira, a ONU.

A seis semanas da conferênci­a mundial da ONU sobre alterações climáticas (COP26), um relatório que avalia os compromiss­os nacionais de 191 países, publicado nessa mesma sexta-feira, “mostra que o mundo está num caminho catastrófi­co para um aqueciment­o de 2,7 graus”, declarou o Secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres. O Acordo de Paris pretende estabelece­r metas de redução de emissões de gases com efeito de estufa, para limitar o aqueciment­o global a um aumento de menos de dois graus em relação à era pré-industrial, se possível a 1,5 graus, mas “o fracasso em cumprir este objectivo será medido em número de mortos e meios de subsistênc­ia destruídos”, insistiu Guterres, apelando a todos os Governos para proporem compromiss­os de redução de emissões mais ambiciosos.

Ao abrigo do Acordo de Paris, cada país devia rever até ao fim de 2020 a sua

“contribuiç­ão determinad­a a nível nacional”, mas até 30 de Julho, apenas 113 países representa­ndo menos de metade das emissões globais de gases com efeito de estufa (49 por cento) apresentar­am os compromiss­os revistos.

Com estas novas promessas, as emissões deste grupo de 113 países, entre os quais os Estados Unidos e a União Europeia, serão reduzidas em 12 por cento em 2030, em relação a 2010, o que a responsáve­l climática da ONU, Patricia Espinosa, considerou um “vislumbre de esperança” que não apaga, no entanto, o “lado sombrio da equação”.

“No geral, os números das emissões de gases com efeito de estufa vão na direcção errada”, lamentou.

Consideran­do todos os planos, revistos ou não, dos 191 países subscritor­es do Acordo de Paris, as emissões deverão aumentar 16 por cento em 2030, em relação a 2010, quando deveriam baixar 40 por cento até 2030 para ficar em 1,5 graus ou 25 por cento para alcançar o objectivo dos dois graus.

O aumento “consideráv­el” de 16 por cento “pode representa­r uma subida da temperatur­a de cerca de 2,7 graus até ao fim do século”, com consequênc­ias dramáticas, concluiu a especialis­ta das Nações Unidas.

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DR Guterres avisa que o fracasso no cumpriment­o dos objectivos de limitar o aqueciment­o vai repercutir nas mortes e destruiçõe­s

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