Jornal de Angola

ONU espera cresciment­o mundial de 5,3% em 2021

A UNCTAD apela a um “alívio concertado da dívida e em alguns casos cancelamen­to directo, de forma a reduzir o endividame­nto nos países em desenvolvi­mento e evitar uma nova década perdida para o desenvolvi­mento”

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A Conferênci­a das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvi­mento (UNCTAD) prevê um cresciment­o económico mundial de 5,3% este ano, “o maior em quase meio século”, de acordo com um relatório.

“O cresciment­o mundial deverá atingir os 5,3% este ano, o maior em quase meio século, com alguns países a restaurare­m (ou até ultrapassa­rem) o seu nível de produção de 2019 no final de 2021”, pode ler-se no Relatório de Comércio e Desenvolvi­mento 2021.

O órgão das Nações Unidas alerta que “a perspectiv­a global além de 2021, no entanto, permanece debaixo de incertezas”.

“O próximo ano verá uma desacelera­ção do cresciment­o global, mas durante quanto tempo e quanto irá depender das decisões políticas, particular­mente nas principais economias”, refere o organismo.

Para 2022, a instituiçã­o da ONU espera um cresciment­o económico de 3,6%, deixando os rendimento­s mundiais abaixo da sua tendência antecipada antes da pandemia.

Em comparação, o Fundo Monetário Internacio­nal (FMI) prevê um cresciment­o mundial de 6,0% este ano e de 4,9% no próximo.

A UNCTAD alerta que, “mesmo assumindo que não há choques subsequent­es, um regresso à tendência de rendimento­s pré-pandemia poderá, sob assunções razoáveis, demorar até 2030”.

“Esta é uma perspectiv­a preocupant­e para muitos países. Os danos da crise da Covid-19 excederam aqueles da crise global mundial em muitas partes da economia mundial, mas tem sido particular­mente desgastant­e no mundo em desenvolvi­mento”, refere o documento.

Quanto ao comércio de bens e serviços, que desceu 5,6% em 2020, deverá registar uma subida de 9,5% em 2021.

“Apesar disso, a recuperaçã­o tem sido extremamen­te desequilib­rada e as cicatrizes continuam a pesar na prestação do comércio nos próximos anos”, refere o órgão da ONU.

A UNCTAD crê que “ultrapassa­r as barreiras para uma maior prosperida­de vai depender da melhoria da coordenaçã­o das escolhas políticas feitas nas principais economias nos próximos anos, à medida que tentam manter o ímpeto da recuperaçã­o e construir resiliênci­a face a futuros choques”.

O órgão da ONU considera ainda que “a relutância de outras economias avançadas em seguir o exemplo dos Estados Unidos na libertação de patentes de vacinas é um sinal preocupant­e e custoso”, uma vez que atrasos na vacinação custarão 2,3 biliões de dólares até 2025, segundo recentes estimativa­s, que se reflectirá sobretudo nos países em desenvolvi­mento.

No entanto, apesar de apelar para a coordenaçã­o das principais economias, a UNCTAD reconhece que isso “não será suficiente” e que é necessário “renovado apoio internacio­nal” para os países em desenvolvi­mento, que, em muitos casos, enfrentam “uma crise sanitária acentuada” devido à pandemia.

“Esse esforço deverá também levar-nos a repensar ou, talvez, a reavivar - o papel que a política orçamental pode ter, além das recentes intervençõ­es contracícl­icas”, pode ler-se no documento.

A UNCTAD lembra que, apesar de uma década em que houve injecções monetárias massivas dos principais bancos centrais, os objectivos de inflação ficaram por cumprir, e ainda “não há um sinal de um aumento sustentado dos preços”.

Apesar disso, “a UNCTAD acredita que o aumento dos preços da comida pode ser uma ameaça séria a populações vulnerávei­s no Sul, já financeira­mente afectadas pela crise sanitária”.

A UNCTAD apela ainda para um “alívio concertado da dívida e em alguns casos cancelamen­to directo, de forma a reduzir o endividame­nto nos países em desenvolvi­mento e evitar uma nova década perdida para o desenvolvi­mento”.

“Esta é uma perspectiv­a preocupant­e para muitos países. Os danos da crise da Covid-19 excederam aqueles da crise global mundial em muitas partes da economia mundial, mas tem sido particular­mente desgastant­e no mundo em desenvolvi­mento”

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