PR defende mais proximidade à comunidade afro-americana
O Presidente da República defendeu, ontem, em Washington, uma relação de proximidade entre os países africanos e a comunidade afro-americana. João Lourenço manifestou esta posição depois de visitar o Museu Nacional de História e Cultura
Afro-americana. "Todo o sofrimento por que os nossos irmãos passaram ao longo dos séculos, desde o tempo do esclavagismo, toca-nos profundamente. Por esta razão, temos de estabelecer uma ligação mais próxima entre os países africanos e a nossa diáspora africana, parte da qual está nos Estados Unidos", disse o Chefe de Estado, que parte amanhã para Nova Iorque, onde vai participar no debate da Assembleia Geral das Nações Unidas.
Os Estados Unidos têm destacado o papel de liderança de Angola na pacificação da Região dos Grandes Lagos. Na qualidade de presidente em exercício da Conferência da Conferência Internacional sobre aquela região, Angola já organizou três Minicimeiras para a busca de soluções com vista à paz e segurança na República Centro-africana
Vários temas de interesse comum entre Angola e os Estados Unidos da América estiveram, ontem, em análise, em Washington, durante o encontro que o Presidente João Lourenço teve com o conselheiro de Segurança americano, Jake Sullivan.
O encontro, com a duração de mais de uma hora, foi considerado “excelente” pela embaixadora dos Estados Unidos em Angola, Nina Maria Fite.
“Foi uma reunião excelente. Eles tiveram uma discussão muito ampla sobre vários temas de interesse mútuo”, sublinhou a diplomata, que destacou o papel chave de Sullivan na Administração do Presidente Joe Biden.
Por ser uma pessoa muito importante na Casa Branca, acrescentou, isso significa também uma grande vantagem para Angola e para o Presidente João Lourenço ter este tipo de discussão.
Segundo Nina Fite, o encontro foi enquadrado na cooperação estratégica entre os dois países, que mostra, cada vez mais, como os EUA e Angola têm esta “cooperação profunda”.
Os Estados Unidos têm destacado o papel de liderança de Angola na pacificação da Região dos Grandes Lagos. Na qualidade de presidente da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos, o país já organizou três Mini-cimeiras sobre a situação de paz e segurança na República Centro-africana.
Em 2019, Angola foi um dos facilitadores, juntamente com a República Democrática do Congo (RDC), do Memorando
de Entendimento, assinado em Luanda, entre o Rwanda e o Uganda.
O encontro com o conselheiro de Segurança dos Estados Unidos marcou o início da agenda oficial do Presidente João Lourenço em Washington. Ontem (19 horas em Washington, 00h00 em Angola), o Chefe de Estado angolano foi homenageado pela Fundação Internacional para a Conservação do Ambiente (ICCF), pelo seu envolvimento em iniciativas de defesa do ambiente.
Mais proximidade com a diáspora africana
O Presidente João Lourenço defendeu, ontem, em Washington, o estabelecimento de uma ligação mais próxima entre os países africanos e a diáspora africana.
Em declarações à imprensa, no final da visita que efectuou ao Museu Nacional de História e Cultura Afro-americana, que está a assinalar o 5º aniversário, o Chefe de Estado disse ter sido tocado, profundamente, pelo que viu. “O que vimos é algo bastante emocionante, porque isto é parte da nossa História comum, dos africanos e os da diáspora”, sublinhou.
“Todo o sofrimento por que os nossos irmãos passaram ao longo dos séculos, desde o tempo do esclavagismo, toca profundamente o nosso coração e, por esta razão, temos de estabelecer uma ligação mais próxima entre os países africanos e a nossa diáspora africana, parte da qual está nos Estados Unidos”, reforçou.
Questionado se a aproximação passaria pelo retorno desta diáspora, o Chefe de Estado, que esteve acompanhado da Primeira-dama, Ana Dias Lourenço, colocou de parte a ideia de um regresso definitivo, mas sim a manutenção de uma ligação com as origens.
“Neste domínio dei um passo concreto, acabei de convidar a família Tucker a visitar Angola para partilharem a sua experiência com o Arquivo Nacional de Angola, com as universidades e com as nossas comunidades. Isso vai acontecer proximamente. Hoje é esta família, amanhã pode ser outra, de forma que possam manter a ligação com as suas origens, que é o continente africano”, concluiu.
A família Tucker é descendente dos primeiros escravos que foram levados para os Estados Unidos, originários de Angola, em 1619.
O Museu Nacional de História e Cultura Afro-americana é um edifício imponente, situado nas proximidades da Casa Branca, construído para a conservação do legado dos afro-descendentes nos EUA.
Nos vários compartimentos, narra o percurso dos escravos trazidos para América, o papel de alguns soberanos africanos, incluindo a Rainha Ginga Mbande, cujo retrato é exposto, em grande plano, na entrada de uma das galerias.
O Presidente João Lourenço fez uma visita guiada aos vários compartimentos. Nas várias galerias, encontramse ilustrações, estátuas ou objectos utilizados na época, acompanhados das respectivas descrições.
O museu narra a história dos afro-americanos, desde a chegada dos primeiros escravos, as colónias americanas, independência americana e o paradoxo da liberdade, participação dos escravos na construção da Casa Branca e Capitólio, surgimento do movimento abolicionista, luta pelas liberdades civis, bem como a ascensão de Barack Obama à Presidência dos Estados Unidos e muito mais.
Agenda de hoje
O Chefe de Estado tem, a meio da manhã de hoje, encontros separados, no Capitólio, com o presidente do Comité de Relações Exteriores da Câmara dos Representantes, o congressista Gregory Meeks, a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, e o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Robert Menendez.
Por volta das 16 horas locais (21 em Angola), o Presidente João Lourenço deve conceder uma entrevista ao Washington Post. Amanhã, cerca das 10 horas viaja para Nova Iorque, onde participa no debate anual da Assembleia-geral das Nações Unidas.