Nimi a Simbi substitui Lucas Ngonda na liderança da FNLA
O novo presidente da FNLA, Nimi a Simbi, prometeu, ontem, um partido mais dinâmico, congregador, organizado e com postura.
Em declarações ao Jornal de Angola, depois de ter sido confirmada a eleição, o político afirmou que vai procurar, numa primeira fase, reunificar todos os militantes e reorganizar o partido para a recuperação do espaço político perdido e melhorar os resultados nas próximas eleições.
Nimi a Simbi disse ser ainda prematuro dizer se vai ser o candidato da FNLA a Presidente da República nas eleições gerais do próximo ano. “Ainda é muito cedo (falar sobre isso), pois temos um longo caminho de trabalho pela frente. Importa, primeiro, passar para a prática e deixar de lado os discursos para modificar a situação da FNLA”, afirmou.
Antigo deputado e vicepresidente do partido, no mandato de Ngola Kabangu, disse ter tido a convicção na vitória, “pela trajectória político-partidária” e por os eixos de força do seu programa irem ao encontro da expectativa dos militantes do partido.
Admitiu a possibilidade de convidar para a direcção os restantes candidatos, “para juntos trabalharem na reunificação da FNLA, visando os desafios futuros”.
Eleito com 328 votos, Nimi a Simbi substitui o deputado Lucas Ngonda, há 11 anos no cargo e que na eleição teve menos seis votos (322) em comparação ao vencedor. O terceiro candidato mais votado foi Fernando Pedro Gomes, com 136 votos, seguido de Carlitos Roberto (73) e Tristão Ernesto (58). No congresso participaram 1.451 delegados, mas os votos válidos foram apenas 917.
Na altura da contagem dos votos, que terminou por volta das 22h50 de domingo, o clima era de muita apreensão, porquanto surgiam rumores de alguma intenção de fraude. Os murmúrios vieram cair por terra após a divulgação dos resultados provisórios, na madrugada de ontem (1h45).
No Complexo 15 de Março, em Viana, onde decorreu o congresso, instalou-se um clima de festa, com a maior parte dos delegados a vibrarem de forma efusiva.
Nimi a Simbi tem uma folha de serviço na FNLA iniciada enquanto estudante universitário e membro da Associação de Estudantes, no ex-zaíre, actual República Democrática do Congo, tendo chegado às estruturas centrais da direcção, em 1991. Membro do Bureau Político, foi primeiro secretário nacional para os Assuntos Políticos, secretário-geral interino e vice-presidente do partido.
Mestre em Psicologia do Trabalho, é professor da Faculdade de Ciências Sociais, onde lecciona dentre outras disciplinas, Estatística Descritiva, Estatística Indutiva, Análise Estatística e Estudo do Mercado de Trabalho.
Ngonda evita falar
Até à hora do fecho desta edição, o Jornal de Angola tentou o contacto com o presidente cessante, para ouvir a sua reacção, tendo no momento se mostrado indisponível. Há 11 anos à frente dos destinos da FNLA, Lucas Ngonda pretendia ser novamente eleito para suspender o mandato antes das eleições do próximo ano, momento que coincidiria com o termo do mandato como deputado.
A ideia, justificou, era garantir uma transição para que fosse eleito um novo presidente à dimensão do partido. Esta figura seria eleita num congresso extraordinário que se realizaria antes das eleições gerais do próximo ano.
O presidente do V Congresso Ordinário da FNLA, Ferraz Neto, garantiu que vivese, desde ontem, no partido “um clima de paz, irmandade e de unidade”. Garantiu haver, da parte de Lucas Ngonda, disposição para a troca de pastas com o sucessor.
Ferraz Neto realçou, igualmente, a postura dos candidatos vencidos, porquanto “não há da parte de nenhum deles a intenção de pedido de impugnação do congresso”, porque “as eleições foram livres e justas”. “Não há sentimento de derrota. A FNLA saiu a vencer, pois está unida”, afirmou.
Ainda ontem, foi empossado o novo Comité Central, composto por 321 membros e aprovadas alterações pontuais aos estatutos e ao regulamento de disciplina do partido.