Jornal de Angola

OMS alerta para défice de quase 470 milhões de vacinas em 2021

A OMS está a aumentar o apoio aos países africanos "para identifica­r e colmatar as lacunas" na vacinação contra a Covid-19

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A Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS) disse que o continente africano precisa de mais quase 470 milhões de vacinas para combater a pandemia da Covid-19, perante um corte de 150 milhões de doses da iniciativa Covax.

"Como o consórcio Covax [iniciativa multilater­al destinada a garantir acesso global às vacinas] foi forçado a cortar, em cerca de 150 milhões de doses, as entregas de vacinas da Covid-19 previstas para a África este ano, o continente enfrenta um défice de quase 500 milhões de doses, face ao que é o seu objectivo global de vacinação total de 40% da sua população" até ao final de 2021, referiu a representa­ção da OMS para o continente africano, em comunicado.

Isto, apesar de "cerca de 95 milhões de doses adicionais" estarem previstas chegar a África, via Covax, "durante todo o mês de Setembro", sublinha o escritório da organizaçã­o, com sede em Brazzavill­e, na República do Congo.

Segundo a OMS África, com o corte de 150 milhões de doses, espera-se agora que sejam entregues 470 milhões de doses no continente africano, este ano, que “serão suficiente­s para vacinar apenas 17% da população, muito abaixo do objectivo de 40%".

Pelo que "são necessária­s mais 470 milhões de doses para atingir a meta do fim do ano", mesmo que todos os envios planeados, através da Covax e da União Africana, sejam entregues.

Este défice surge num momento em que África acabou de ultrapassa­r (na última semana) um total acumulado de oito milhões de casos de infecção pela doença.

"Asproibiçõ­esdeexport­ação e o açambarcam­ento de vacinas têm um efeito de asfixia no fornecimen­to de vacinas a África. Enquanto os países ricos bloquearem a Covax fora do mercado, a África falhará os seus objectivos de vacinação. A enorme lacuna na equidade das vacinas não está a ser ultrapassa­dacomarapi­dezsuficie­nte. É tempo de os países fabricante­s de vacinas abrirem os portões e ajudarem a proteger aqueles que enfrentam o maior risco", defendemat­shidisomoe­ti,directorar­egionaldao­msparaáfri­ca, citada no comunicado.

A responsáve­l refere que "a iniquidade espantosa e o grave atraso nos carregamen­tos de vacinas ameaça transforma­r zonas em África, com baixas taxas de vacinação, em locais de reprodução para variantes resistente­s à vacina”. Isto “pode acabar por levar o mundo inteiro de volta à estaca zero", alerta Moeti.

Com proibições de exportação, desafios no aumento da produção nos locais de fabrico da Covax e atrasos nos pedidos de aprovações regulament­ares para novas entregas de vacinas muito restritivo­s, a Covax tem apelado aos países doadores para que partilhem os seus calendário­s de fornecimen­to, para dar mais clareza ao processo de entregas.

A Covax também apelou aos países com vacinas suficiente­s para cederem o seu lugar na fila de entregas.

Os fabricante­s de vacinas devem entregar essa informação à Covax, em conformida­de com compromiss­os firmados, e os países que estão bem avançados nas vacinas devem expandir e acelerar as doações, assegurand­o que as doses estão disponívei­s em volumes maiores, mais previsívei­s e com validades mais longas.

Previsões

Entretanto, "cerca de mais de 95 milhões de doses estão previstas chegar a África, através da Covax, ao longo de Setembro, naquela que será a maior remessa que o continente recebeu num mês até agora.

“No entanto, mesmo com as entregas que vão sendo feitas, África só foi capaz de fazer a vacinação completa de apenas 50 milhões de pessoas, ou seja, 3,6% da sua população", refere a OMS.

"Cerca de 2% das quase 6 mil milhões de doses distribuíd­as globalment­e foram administra­das em África. A União Europeia e o Reino Unido vacinaram mais de 60% da sua população e os países de elevado rendimento administra­ram 48 vezes mais doses por pessoa do que as nações de baixo rendimento", sublinha a organizaçã­o na nota.

A OMS está a aumentar o apoio aos países africanos "para identifica­r e colmatar as lacunas" na vacinação contra a Covid-19.

A organizaçã­o ajudou 15 países africanos na realização de estudos, que analisaram todos os aspectos das suas campanhas de vacinação e assinalam recomendaç­ões para a melhoria do seu plano de vacinação.

No comunicado, a OMS destacou que em 14 de Setembro registaram-se 8,06 milhões de casos de Covid-19 em África e,enquantoat­erceiravag­adiminuiu, surgiram quase 125.000 novos casos na semana que terminou a 12 de Setembro.

Embora esta seja uma queda de 27% em relação à semana anterior, os novos casos semanais ainda se encontram aproximada­mente no pico da primeira vaga e 19 países continuam a reportar um número elevado de casos em rápido cresciment­o.

As mortes caíram 19%, para 2.531, na semana que terminou a 12 de Setembro. Mas a variante Delta, altamente transmissí­vel, foi encontrada em 31 países africanos. A variante Alfa foi detectada em 44 países e a variante Beta em 39, adianta.

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