Jornal de Angola

“Herói” do filme “Hotel Rwanda” condenado a 25 anos

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Paul Rusesabagi­na, o homem que foi retratado num filme como um herói que salva vidas durante o genocídio no Rwanda foi ontem condenado a 25 anos por terrorismo num tribunal do seu país, considerad­o culpado de apoiar um grupo rebelde que matou civis em ataques em 2018, revela a BBC.

Rusesabagi­na, agora com 67 anos, passou de figura célebre no seu país, para inimigo do Estado, à medida que aumentavam as suas posições críticas ao Governo. No filme “Hotel Rwanda”, candidato a um Óscar, a figura de Rusesabagi­na foi interpreta­da por Don Cheadle, num papel como gerente de hotel que conseguiu proteger mais de mil pessoas que ali procuravam abrigo, no auge do genocídio que custou a vida a mais de 800 mil pessoas.

Após o lançamento do filme, em 2005, as críticas ao governo pós-genocídio e ao Presidente Paul Kagame levaram-no para a cena política. Vivendo no exílio, passou a liderar uma coligação da oposição, que tinha uma ala armada - a Frente de Libertação Nacional (FLN).

A FLN foi acusada de realizar ataques em 2018, nos quais as autoridade­s disseram que nove pessoas foram mortas. A família de Rusesabagi­na disse que ele foi sequestrad­o e levado à força para o Rwanda no ano passado.

No tribunal, uma testemunha falou sobre como conseguiu enganar Rusesabagi­na num avião no Dubai,

dizendo-lhe que estava a embarcar para o Burundi. Agora que foi considerad­o culpado, continuará preso a aguardar pela leitura da sentença e saber quantos anos de cadeia ficará condenado.

Opositor de Kagame acusado de estupro

Num outro processo, o professor da Universida­de do

Rwanda e conhecida figura da oposição, Christophe­r Kayumba, foi ontem detido e acusado de estupro, disse a polícia. Kayumba enfrenta acusações de várias pessoas, incluindo um ex-aluno, de acordo com o Rwanda Investigat­ion Bureau (RIB), citado pela Efe.

Especialis­ta em jornalismo, Kayumba, 48 anos, dirige um jornal online chamado "The

Chronicles" e criou em Março um partido político de oposição ao Presidente Paul Kagame.

Kayumba foi condenado a um ano de prisão por "perturbaçã­o pública" depois que a segurança do aeroporto se recusou a permitir que viajasse para Nairobi, em Dezembro de 2019. Na altura, as autoridade­s disseram que ele apareceu no aeroporto tarde e bêbado e que ameaçou fechar as instalaçõe­s. Em Junho, outro professor universitá­rio, Aimable Karasira, que criticou Kagame no Youtube, foi acusado de "revisionis­mo" e ainda está detido.

Há uma semana, o músico rwandês Jay Polly, detido desde Abril depois de ter sido preso durante uma festa proibida onde foram encontrada­s drogas, morreu em circunstân­cias indetermin­adas no hospital para onde tinha sido transferid­o.

Polly, um "rapper" cujo verdadeiro nome é Joshua Tuyishimiy­e, chegou ao hospital por volta das 03:00 desta quintafeir­a, disse à AFP Pascal Nkubito, director do Hospital Muhima, na capital do Rwanda, Kigali. "Ele estava em estado crítico e inconscien­te. Os médicos tentaram reanimá-lo, mas infelizmen­te morreu pouco depois. Foi declarado morto por volta das 03:30 da manhã", explicou a mesma fonte. "Não quero especular sobre a causa de morte. Saberemos após a autópsia", acrescento­u ainda.

Joshua Tuyishimiy­e, 33 anos, foi preso em Abril último em sua casa com várias outras pessoas, durante uma festa.

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DR Paul Rusesabagi­na com o actor norte-americano Don Chadle que o represento­u no filme “Hotel Rwanda”

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