Jornal de Angola

Mais solidaried­ade para o continente africano

- César Esteves | Nova Iorque

O especialis­ta em Relações Internacio­nais Cesário Zalata aponta o combate à pandemia da Covid-19, sobretudo à distribuiç­ão das vacinas, como outro tema que não vai escapar aos olhos dos líderes mundiais presentes na 76ª Assembleia-geral das Nações Unidas.

Nas entrelinha­s, defendeu que os líderes africanos devem fazer ouvir a sua voz para a necessidad­e de justiça na distribuiç­ão de vacinas. “Temos estado a notar que África tem sido dos continente­s mais prejudicad­os no que diz respeito à distribuiç­ão da vacina”, disse.

Jeremias Agostinho, médico angolano especialis­ta em saúde pública, também acredita que o assunto sobre a Covid-19, nomeadamen­te a distribuiç­ão das vacinas em África, seja um dos assuntos a serem discutidos na tribuna mundial.

Lembrou que a OMS lançou, nos últimos dias, um alerta em como os países africanos, com excepção para a África do Sul, Tunísia e Marrocos, não tinham atingindo a meta de vacinação, que passa por vacinar 10 por cento da população elegível até ao final deste mês. Esta meta, disse, está longe de acontecer por causa do fraco fornecimen­to das vacinas em África.

“Com certeza que se irá apelar, neste encontro, à solidaried­adedospaís­escompoten­cial para ajudarem o continente africano”, salientou. Jeremias Agostinho espera que os países do G7 e G20 se comprometa­m em ajudar o continente africano a atingir, “pelo menos”, 30 por cento da população adulta elegível contra a Covid-19, até ao finaldoano.“istoseriaf­antástico, porque, sozinhos, nós não vamos conseguir. É muito dinheiro que se precisa para esta operação”, frisou.

O médico defende uma moção de compromiss­o para ajudar o continente africano na distribuiç­ão de vacinas, a ser assinado pelos países do G7 e G20. Disse que constituir­ia um bom sinal para o combate à pandemia no continente. Salientou não haver, neste momento, outra forma de combate à doença que não passe pela vacinação.

O médico alertou que deixar África de fora do processo de vacinação contra a Covid19 é permitir que a região seja o novo foco de infecção para os demais países do mundo, por causa da rápida mobilidade do vírus.

“Basta olhar para a forma como a variante identifica­da na África do Sul espalhouse rapidament­e pelo mundo”, lembrou o médico, para quem os países com capacidade para ajudar o continente não devem ignorar este cenário. “Isto significa que os países de todo o mundo estão no mesmo barco”, sublinhou.

Para o especialis­ta em saúde pública, enquanto ainda houver focos activos da doença em várias partes do mundo, não faz sentido avançar-se já para a terceira dose da vacinação. Referiu que tal cenário só se colocaria se toda a população mundial estivesse tomado, pelo menos, uma dose da vacina.

Enquanto houver um continente, como a África, que só vacinou 4 por cento da sua população e Europa e América acima dos 60 por cento, será difícil erradicar a doença do mundo, concluiu Jeremias Agostinho.

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AGOSTINHO NARCISO | EDIÇÕES NOVEMBRO Especialis­ta defende a vacinação para a segurança de todos

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