Mais solidariedade para o continente africano
O especialista em Relações Internacionais Cesário Zalata aponta o combate à pandemia da Covid-19, sobretudo à distribuição das vacinas, como outro tema que não vai escapar aos olhos dos líderes mundiais presentes na 76ª Assembleia-geral das Nações Unidas.
Nas entrelinhas, defendeu que os líderes africanos devem fazer ouvir a sua voz para a necessidade de justiça na distribuição de vacinas. “Temos estado a notar que África tem sido dos continentes mais prejudicados no que diz respeito à distribuição da vacina”, disse.
Jeremias Agostinho, médico angolano especialista em saúde pública, também acredita que o assunto sobre a Covid-19, nomeadamente a distribuição das vacinas em África, seja um dos assuntos a serem discutidos na tribuna mundial.
Lembrou que a OMS lançou, nos últimos dias, um alerta em como os países africanos, com excepção para a África do Sul, Tunísia e Marrocos, não tinham atingindo a meta de vacinação, que passa por vacinar 10 por cento da população elegível até ao final deste mês. Esta meta, disse, está longe de acontecer por causa do fraco fornecimento das vacinas em África.
“Com certeza que se irá apelar, neste encontro, à solidariedadedospaísescompotencial para ajudarem o continente africano”, salientou. Jeremias Agostinho espera que os países do G7 e G20 se comprometam em ajudar o continente africano a atingir, “pelo menos”, 30 por cento da população adulta elegível contra a Covid-19, até ao finaldoano.“istoseriafantástico, porque, sozinhos, nós não vamos conseguir. É muito dinheiro que se precisa para esta operação”, frisou.
O médico defende uma moção de compromisso para ajudar o continente africano na distribuição de vacinas, a ser assinado pelos países do G7 e G20. Disse que constituiria um bom sinal para o combate à pandemia no continente. Salientou não haver, neste momento, outra forma de combate à doença que não passe pela vacinação.
O médico alertou que deixar África de fora do processo de vacinação contra a Covid19 é permitir que a região seja o novo foco de infecção para os demais países do mundo, por causa da rápida mobilidade do vírus.
“Basta olhar para a forma como a variante identificada na África do Sul espalhouse rapidamente pelo mundo”, lembrou o médico, para quem os países com capacidade para ajudar o continente não devem ignorar este cenário. “Isto significa que os países de todo o mundo estão no mesmo barco”, sublinhou.
Para o especialista em saúde pública, enquanto ainda houver focos activos da doença em várias partes do mundo, não faz sentido avançar-se já para a terceira dose da vacinação. Referiu que tal cenário só se colocaria se toda a população mundial estivesse tomado, pelo menos, uma dose da vacina.
Enquanto houver um continente, como a África, que só vacinou 4 por cento da sua população e Europa e América acima dos 60 por cento, será difícil erradicar a doença do mundo, concluiu Jeremias Agostinho.