Jornal de Angola

Assembleia-geral da ONU volta a estar reunida de forma presencial

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O debate anual

da Assembleia­geral das Nações Unidas, encontro que reúne, aqui em Nova Iorque, Chefes de Estado e de Governo, bem como outros altos representa­ntes dos 193 países membros da organizaçã­o, para a discussão de todo o espectro de questões internacio­nais abrangidos pela Carta, vai acontecer de forma presencial, um ano depois.

Devido às restrições impostas pela pandemia da Covid-19, a sessão do ano passado, no caso a 75ª, foi realizada de forma virtual, facto nunca antes registado em 75 anos da organizaçã­o.

No ano passado, os Chefes de Estado, entre eles o Presidente da República, João Lourenço, tiveram de fazer as suas intervençõ­es a partir dos seus países através de discursos pré-gravados.

Aberta no dia 14 deste mês, a 76ª sessão da Assembleia-geral das Nações Unidas vai subordinar-se ao tema: “Construind­o resiliênci­a através da esperança - recuperar da Covid-19, reconstrui­r a sustentabi­lidade, responder às necessidad­es do planeta, respeitar os direitos das pessoas e revitaliza­r as Nações Unidas ”.

O analista em Relações Internacio­nais Cesário Zalata vaticina, para esta sessão, uma atenção especial dos líderes mundiais à questão de paz e segurança, por, a seu ver, ser das mais candentes neste momento no mundo. “Como se sabe, um dos fins últimos, pelos quais a ONU existe, é, exactament­e, a manutenção da paz e da estabilida­de internacio­nal”, realçou.

Sobre este particular, o também docente universitá­rio disse haver muitos assuntos relevantes, que precisam de ser tratados "com franqueza, abertura e pragmatism­o" neste encontro.

A título de exemplo, apontou o terrorismo, por, a seu ver, ser, neste momento, um dos piores inimigos da paz e segurança, depois da pandemia da Covid19. Defendeu que o terrorismo carece, por isso, de uma resposta urgente dos líderes mundiais.

Casos como os que estão a ocorrer em Moçambique, Nigéria, Somália e Ásia Central configuram, para Cesário Zalata, situações que atentam contra a estabilida­de da paz e segurança mundial e, por isso, poderão merecer a atenção dos Chefes de Estado.

“E quando falamos das questões de paz e segurança, não estamos, só, a falar da estabilida­de dos Estados, mas, também, da estabilida­de das pessoas civis, por serem as principais vítimas das acções dos grupos terrorista­s", realçou. Neste particular, o analista em Relações Internacio­nais acredita que a situação do Afeganistã­o, onde, com a retirada das forças norte-americanas e de toda a aliança internacio­nal, os talibãs tomaram de assalto o poder colocando em questão a paz e segurança - vai merecer, igualmente, uma atenção especial dos líderes mundiais.

Cesário Zalata defendeu que os líderes africanos a participar­em neste encontro devem aproveitar a Assembleia-geral das Nações Unidas para buscarem soluções para os problemas de paz e segurança que assolam o continente.

Apontou a situação que se vive, neste momento, na Guiné, onde o Presidente Alpha Condé foi deposto pelos militares, como o que deverá merecer, também, uma atenção especial dos líderes.

Alterações climáticas

Um outro assunto que, de acordo com Cesário Zalata, vai, igualmente, merecer a atenção dos Chefes de Estado e de Governo neste encontro tem a ver com as alterações climáticas. Disse que as catástrofe­s que vão ocorrendo um pouco por todo o mundo, nos últimos anos, têm estado a colocar em causa a estabilida­de dos Estados e da própria vida humana.

Sobre este assunto, disse que Angola não fica de fora, tendo apontado a situação que se vive no Sul do país, onde muitas famílias são regularmen­te afectadas pelos efeitos da seca. “Acompanham­os, muito recentemen­te, notícias que davam conta de um furacão que provocou, no próprio Estados Unidos, um conjunto de destruiçõe­s em cidades como Nova Iorque e outras”, lembrou.

O analista em Relações Internacio­nais disse haver informaçõe­s segundo as quais o Acordo de Paris está a ser insuficien­te para pôr cobro às investidas da natureza contra a humanidade, por falta de acções concretas. Por essa razão, espera que o assunto venha a merecer a devida atenção nesta sessão da Assembleia-geral das Nações Unidas.

“Os Estados membros devem teracorage­mdetrazere­steassunto à mesa das discussões, a fim de se encontrare­m mecanismos, resoluções e respostas que levem os Estados-membros e a humanidade, como um todo, a se defenderem­destemalgl­obal”,defendeu.

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