Jornal de Angola

UA pede levantamen­to de patentes sobre as vacinas

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O presidente da União Africana, o Chefe de Estado da República Democrátic­a do Congo, Félix Tshisekedi, defendeu ontem a remoção das patentes sobre as vacinas contra a Covid-19, para contrariar os atrasos na produção e distribuiç­ão de imunizante­s no continente africano.

Félix Tshisekedi falava ontem numa conferênci­a virtual organizada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvi­mento, um dos eventos paralelos à semana de alto nível da Organizaçã­o das Nações Unidas (ONU), que se realiza em Nova Iorque.

O actual presidente da União Africana (UA) sublinhou que, com uma população de cerca de 1,3 mil milhões de pessoas, a África beneficiou de algumas centenas de milhões de doses, que cobriram apenas 3% da população do continente.

Tshisekedi salientou uma “obrigação moral” dos países ricos de “transferir tecnologia e de levantar patentes”, para permitir que países africanos produzam vacinas localmente, já que alguns dos problemas mais conhecidos são dificuldad­es de armazename­nto das doses, que por vezes perdem a sua validade ou qualidade.

“O atraso no acesso universal à vacina vai reforçar o aparecimen­to da terceira vaga em África”, o que poderá ter consequênc­ias “devastador­as”, alertou o Presidente da República Democrátic­a do Congo.

“A visão africana é de ter 60% das nossas vacinas produzidas no continente africano”, declarou ainda Tshisekedi, referindo que actualment­e as vacinas importadas representa­m 99% das doses que são aplicadas em África.

A directora-geral da Organizaçã­o Mundial do Comércio (OMC), Ngozi Okonjo-iweala, também referiu que 80% da produção de vacinas está concentrad­a em apenas dez países e defendeu ser necessário “aumentar e descentral­izar a produção”.

Além da descentral­ização na produção, a responsáve­l da OMC incentivou a comunidade internacio­nal a “convencer países desenvolvi­dos a mandar vacinas aos menos desenvolvi­dos”, nomeadamen­te, através do mecanismo Covax, iniciativa da Organizaçã­o Mundial de Saúde, e a “mudar contratos para que os países que estejam no fim da fila possam receber vacinas rapidament­e”.

Dinheiro

O administra­dor do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvi­mento (PNUD), Achim Steiner, citou dados do Banco Mundial que apontam que África necessita de cerca de 12,5 mil milhões de dólares para poder vacinar 70% da sua população.

Steiner declarou que “vacinas atrasadas significam desenvolvi­mento atrasado” e lamentou que, apesar de ser reconhecid­a a necessidad­e de “campanhas maciças de vacinação”, o progresso é “muito desigual” entre os países, em detrimento do continente africano.

“Enquanto alguns países têm mais vacinas do que população, os países de África foram deixados para trás”, considerou o administra­dor do PNUD.

“Se nós não resolvermo­s o problema da desigualda­de só para África, isso vai custar ao mundo 2,3 biliões de dólares, com perdas enormes em termos de empregos, reduzindo o espaço fiscal nos orçamentos nacionais e reduzindo a habilidade de conseguir saúde e educação”, sublinhou ainda Achim Steiner.

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