Centros de atendimento fechados devido à paralisação dos técnicos
O Governo guineense ordenou ontem o recrutamento de médicos militares para fazer face ao boicote laboral de profissionais civis que decorre desde segunda-feira, por tempo indeterminado
A paralisação laboral iniciada, segunda-feira, por todos os técnicos de Saúde na Guinébissau deixou sem assistência os centros de atendimento e de internamento de doentes infectados pela Covid-19, admitiu um porta-voz dos técnicos, Saibano Nhaga.
"Todos os serviços do centro de atendimento de doentes com Covid-19 no Hospital Simão Mendes estão fechados, devido ao boicote que se regista no Hospital por parte de todos os técnicos", disse à Lusa Saibano Nhaga.
O boicote também é observado nos centros de atendimento de Covid-19 nos hospitais e centros de Saúde do interior da Guiné-bissau.
Sobre a greve dos técnicos, que afecta os centros de atendimento, a Alta-comissária contra a Covid-19, a médica e antiga ministra da saúde guineense Magda Robalo, afirmou, ontem na conferência de imprensa de apresentação semanal do balanço da evolução da pandemia no país, que o Governo já está a dialogar com os técnicos no sentido de permitir o fim do boicote convocado por tempo indeterminado.
Sobre o ponto da situação da doença, na última semana, o médico e secretário do Altocomissariado contra a Covid19, Plácido Cardoso, precisou que o país registou um total de cinco óbitos, 58 novos casos da infecção e 93 pessoas foram dadas como recuperadas da doença.
Plácido Cardoso assinalou ainda que até ao dia 19 de Setembro e desde que a pandemia foi declarada oficialmente no país, a Guiné-bissau somou 6.081 casos acumulados da Covid-19, 5.237 pessoas recuperadas da doença, 130 óbitos e 708 casos ativos.
O Governo guineense ordenou ontem o recrutamento de médicos militares para fazer face ao boicote laboral de profissionais civis que decorre desde segunda-feira, por tempo indeterminado, anunciou o director do maior hospital da Guiné-bissau.
Segundo Sílvio Coelho, no total, foram recrutados seis médicos militares para “salvar vidas” no hospital Simão Mendes, onde se vão ocupar de “doentes em estado crítico”.
Os militares são, um médico para maternidade, um para o Serviço de Urgência, um para Serviço de Ortopedia, um da Cirurgia para bloco operatório, um dos Serviços de Reanimação e outro instrumentista.
Os técnicos em greve em todos os hospitais e centros de Saúde da Guiné-bissau reivindicam, entre outros pontos, o pagamento de salários e subsídios em atraso, o seu enquadramento efectivo no chamado estatuto do pessoal de saúde e melhoria de condições nos centros de atendimento aos doentes de Covid-19.
O director-geral do Simão Mendes confirmou à Lusa a presença de médicos militares nos serviços desde as primeiras horas.
"Não foi observado o serviço mínimo em nenhum departamento desde o início do boicote e até às 00:00 desta terça-feira. Face à ausência do serviço mínimo, decidimos orientar os pacientes mais críticos a recorrerem aos hospitais e clínicas privados", disse
Sílvio Coelho.
O responsável do Simão Mendes confirmou a transferência de doentes deste hospital público para clínicas privadas, nomeadamente, seis crianças tiradas da pediatria ainda durante a manhã.
O secretário-geral da União Nacional dos Trabalhadores da Guiné (UNTG, central sindical), Júlio António Mendonça, disse à Lusa que os serviços mínimos já estão a ser observados nos hospitais e centros de saúde.
Sobre a presença de médicos militares no Simão Mendes, o sindicalista afirmou que desconhece a situação e também adiantou ainda não ter sido contactado pelo Governo para analisar o boicote de técnicos de Saúde.