Agenda presidencial na ONU
Desde às últimas 24 ou 48 horas que as atenções de todo o mundo estão viradas para a cidade de Nova Iorque, mas concretamente no "coração de Manhattan", no edifício da ONU em que mais de 150 Chefes de Estado e de Governo vão discursar, na 76ª Assembleia-geral das Nações Unidas.
A sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, vai ser por alguns dias, uma espécie de "capital político-diplomática mundial", na medida em que todos os caminhos da Política e Diplomacia de todos os continentes vão dar para aquela parcela de terra insular de New Jersey.
O Presidente João Lourenço, que se encontra já em Nova Iorque depois de cumprir intensa actividade política, diplomática e cultural na capital federal, prepara-se para dar continuidade da sua agenda naquela que é provavelmente a mais famosa cidade americana.
É expectável o discurso do Chefe de Estado angolano e audiências com os seus homólogos, à margem das intervenções de vários estadistas, seguramente uma delas com o Secretário-geral, Engº António Guterres, uma figura conhecida dos angolanos, recentemente reeleito para mais um mandato à frente da ONU.
As autoridades angolanas, que sempre apoiaram António Guterres, desde a altura em que desempenhou as funções de Alto Comissário da ONU para os Refugiados, congratulam-se com o trabalho que o também antigo Primeiroministro português realiza à frente dos destinos da maior organização internacional.
O Presidente João Lourenço poderá fazer referências ao papel preponderante que a ONU desempenha hoje na busca das melhores soluções para os desafios de paz, crises humanitárias, catástrofes naturais, problemas ambientais, entre outros.
Mas os últimos desenvolvimentos na sub-região em que se insere Angola, os esforços na área do Ambiente, de que Angola tem sido pioneira com o projecto de plantio de mangais, a paz e estabilidade na África Central, poderão ser, entre outros, os principais ingredientes da intervenção do Presidente João Lourenço.
Enquanto presdiente em exercício da Conferência Internacional para a Região dos Grandes Lagos (CIRGL), o Chefe de Estado angolano tem responsabilidades acrescidas, sobretudo numa altura em que a situação volátil por que passa aquele país requer medidas e diligências no sentido da pacificação e estabilização.
Como se sabe, o Governo democraticamente eleito daquele país, sob sanções decretadas pelas Nações Unidas, enfrenta mais de duas dezenas de grupos rebeldes que controlam, agrupados ou individualmente, cerca de 80 por cento de todo o território.
O Presidente João Lourenço, enquanto líder da organização regional, tem feito do levantamento das sanções, que inviabilizam ao Estado centro-africano melhor defesa das instituições democráticas, a garantia da segurança das populações, uma das prioridades em matéria de diplomacia em nome da CIRGL.
Esperemos que a Assembleia-geral da ONU possa também falar a uma só voz relativamente aos desafios que as regiões menos desenvolvidas do mundo enfrentam para vacinar as suas populações contra a Covid-19, numa altura em que, enquanto uns nem a uma única dose fizeram, outros já ensaiam a terceira porção.