Paz e segurança
O Presidente da República destacou, também, o esforço que tem vindo a desenvolver no sentido de contribuir para a paz e a estabilidade na África Central, na região dos Grandes Lagos e noutros pontos do continente africano. Ressaltou que a sensibilidade angolana para os problemas da paz e da guerra resultam do longo conflito interno que viveu durante várias décadas e que permite ter a noção clara da importância da busca de soluções para os diferendos pela via do diálogo e do entendimento entre as partes beligerantes. “Temos procurado partilhar com outros povos esta experiência angolana bem-sucedida, na convicção de que a nossa acção, se for bem entendida, levará, muito seguramente, a resultados favoráveis ao fim dos conflitos e ao restabelecimento da paz em alguns dos países afectados”, augurou. Apesar disso, o Presidente salientou que ainda preocupa, sobremaneira, a alteração da ordem constitucional que se regista, amiúde, em países africanos com recurso à força militar, sobretudo por estes actos inconstitucionais não estarem a merecer uma reacção adequada e suficientemente vigorosa da comunidade internacional, no sentido de desencorajar tais práticas, que considerou, a todos os títulos, reprovável. Neste particular, apontou como exemplo o que se assistiu no Mali e, mais recentemente, na República da Guiné.
João Lourenço apelou à comunidade internacional a actuar com tenacidade, não ficando apenas por declarações de condenação, por forma a forçar os actores de tais actos a restituírem o poder aos órgãos legitimamente instituídos. “Não podemos continuar a permitir que exemplos recentes, como os da Guiné e outros, prosperem em África e em outros continentes”, frisou.
O Chefe de Estado disse que esta sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas constitui uma grande oportunidade para os Chefes de Estado e de Governo exigirem, em uníssono, a libertação imediata e incondicional do Presidente da República da Guiné, Alpha Condé.
O estadista angolano disse preocupar, também, as ameaças à paz e à segurança mundial, que se mantêm por acção de grupos extremistas no Sahel africano, na República Democrática do Congo, em Moçambique e noutras regiões do planeta, que obrigam a comunidade internacional a mobilizar-se continuamente para reforçar a capacidade de resposta a esta actividade perigosa, que atenta contra a estabilidade social e económica dos países visados.
João Lourenço disse que se está a assistir, de forma lamentável, ao regresso do mercenarismo, com o recrutamento, a partir de qualquer parte do mundo, de profissionais sem exército, pagos para matar, desestabilizar países, depor políticos e regimes democraticamente eleitos “mas incómodos”. Frisou que este fenómeno já foi fortemente condenado e combatido, mas, hoje, “infelizmente”, é encorajado e alimentado por forças poderosas que se escondem no anonimato.
O Presidente defende uma posição conjunta entre as Nações Unidas, União Africana e, de uma forma geral, a Comunidade Internacional, a fim de se encorajar as autoridades etíopes a encontrarem os melhores caminhos para pôr fim ao conflito na região de Tigray, afastando a ameaça de uma catástrofe humanitária, antes que possa ganhar contornos mais graves e seja tarde demais.
Alterações climáticas
Tal como foi vaticinado, o Presidente voltou a falar da questão das alterações climáticas. Disse que a periodicidade e a ferocidade dos furacões, enchentes, incêndios florestais, deslizamentos de terra, vulcões e tremores de terra, que devastam cidades inteiras e aglomerados populacionais no meio rural, por vezes com um cortejo considerável de mortes, deve chamar a atenção de todos os governos, organizações não-governamentais, académicos, cientistas e sociedade civil.
João Lourenço apelou para a necessidade de união de esforços na protecção do planeta terra, “nossa casa comum, que vem dando sinais cada vez mais evidentes de que não está satisfeito com a forma como o tratamos, defendendo-se da maneira mais violenta possível”.
“Temos procurado partilhar com outros povos esta experiência angolana bemsucedida, se for bem entendida, levará a resultados favoráveis ao fim dos conflitos e ao restabelecimento da paz”