África critica não reconhecimento de vacinas
O director do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC) criticou a decisão do Reino Unido de não reconhecer vacinas administradas em vários países africanos, porque "cria confusão" e mostra falta de solidariedade.
"Não percebemos a razão de o Reino Unido ter tomado esta decisão, porque foi um parceiro fundamental no fornecimento de vacinas aos países, nós usamo-las e agora não reconhecem as pessoas que foram imunizadas com essas mesmas vacinas. Isto cria confusão e corresponde à necessidade de solidariedade e cooperação, não contribui para sairmos da pandemia", disse John Ngenkasong.
Respondendo, ontem, a questões dos jornalistas durante a conferência de imprensa semanal de apresentação da situação epidemiológica da Covid-19 no continente, o responsável acrescentou:
"Não estamos no nível da especulação sobre se devemos sair juntos da pandemia ou não, as variantes são desafiantes, temos mesmo de ser mais cooperantes, ter mais solidariedade, e não mandar mensagens confusas que prejudicam os esforços de África" para superar a pandemia.
"Lamentamos que o Reino Unido tenha esta posição e vamos pedir para a reverem", concluiu Ngenkasong, reagindo à decisão do Governo britânico de criar uma lista de países excluídos do reconhecimento automático de vacinas para efeitos de entrada no país, não só em África, mas também noutras regiões.
Sobre o processo de vacinação no continente, o director do África CDC disse que já foram compradas 181 milhões de doses pelos países, da quais 136 milhões já foram administradas.
"O número de pessoas com duas doses, isto é, a vacinação completa, representa 4% da população e vemos progressos em vários países, como em Marrocos, onde 48% da população está completamente vacinada, e na Tunísia, com 21%", disse Ngenkasong.
O reinício das exportações das vacinas produzidas na Índia, as doações internacionais e o início das entregas da Fundação Mastercard serão importantes para atingir o objectivo de ter pelo menos 60% da população vacinada até final do próximo ano, concluiu o director do África CDC.