Lava do vulcão Cumbre mantém ar destruidor
A lava do vulcão Cumbre Vieja, na ilha espanhola de La Palma, com 1949 metros de altitude, perdeu velocidade, mas manteve a capacidade destruidora. Desde domingo que a ilha das Canárias vive entre o sobressalto e a impotência.
A erupção já arrasou 166 hectares e destruiu 350 edificações, diz a imprensa espanhola. Desde a erupção, mais de seis mil pessoas já foram retiradas das suas casas.
“Têm sido dias realmente duros”, escreveu no Twitter o presidente da Câmara Municipal de La Palma, Mariano Hernández Zapata. “Ouvir quem perdeu tudo e quem sabe que vai perder é frustrante”, desabafou. “O que se vive em La Palma é angústia e dor”, rematou.
A lava “diminuiu o ritmo, mas segue o seu caminho inexorável”, alertou o presidente regional das Ilhas Canárias, Ángel Víctor Torres, em conferência de imprensa realizada na quarta-feira, em que aconselhava os moradores a não tentarem nada contra ela e a evitarem manobras que os coloquem em perigo.
“Nem uma barricada, nem um fosso, nem um parapeito, de forma alguma, vão deter o avanço da lava. Quem me dera fosse assim, mas é impossível”, insistiu, apesar de os bombeiros terem tentado fazer um caminho, que, de alguma forma, guiasse a lava até ao mar, que dista 2,5 quilómetros.
A chegada da lava ao mar já não é certa, porque a descida do magma perdeu velocidade. “O fluxo avança muito lentamente. Doze metros avançaram em 12 horas”, relatou o presidente regional.
Neste momento, “não temos certeza de que o avanço culminará no mar”, destacou o director técnico do Plano de Emergências Vulcânicas das Canárias (Pevolca), Miguel Ángel Morcuende.
O vulcão continua a expelir lava. O fluxo a avançar lentamente, o que corresponde a um aumento claro da viscosidade e, principalmente, do preenchimento de determinados buracos naturais no terreno. Estamos a falar de uma cavidade”, disse Morcuende.
A chegada da lava ao mar preocupa as autoridades, porque pode gerar explosões, ondas de água a ferver ou nuvens tóxicas.
Neste momento, o fluxo de lava está a ganhar altura. “Há áreas onde já apresenta 15 metros de espessura”, afirmou o porta-voz do Instituto Vulcanológico das Canárias (Involcan), David Calvo. Estima-se que a erupção pode durar entre 24 e 84 dias, com uma média geométrica da ordem de 55 dias.
A erupção vulcânica em La Palma está a emitir uma elevada quantidade de dióxido de enxofre para a atmosfera, que deverá atingir hoje boa parte do território de Espanha, bem como a costa mediterrânica. O gás vai atingir a totalidade de Marrocos, bem como a Tunísia e a costa mediterrânica de Espanha, França, Itália, Argélia e Líbia.