A ONU e os rumos da política mundial
A Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), que decorre em Nova Iorque (Estados Unidos), este ano na sua 76ª edição, é justamente considerada como sendo o maior palco da diplomacia internacional por nela desfilar a maior parte dos Chefes de Estado e de Governo do mundo ou seus representantes.
Durante quase uma semana, passam pela tribuna da ONU os mais variados perfis de estadistas, a reflectir a diversidade de pensamento político e de culturas que o mundo conhece - e que não é de hoje -, as convergências e os choques existentes e que ditam o rumo dos acontecimentos a nível internacional.
A Assembleia Geral da ONU acaba assim por ser - nalguns casos, com alguma novidade, mas noutros nem tanto, porque a estratégia já vem de trás e ali só acontece a reafirmação -, o espaço de onde ficamos a saber que novos elementos nos traz a política internacional, ela que tem a capacidade de fazer mover o mundo nesta ou naquela direcção. E foi realmente isso que se passou com a muito aguardada intervenção do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que em muitos pontos do seu discurso tratou de tornar mais clara, para o grande público a nível internacional, como a sua Administração se posiciona face aos diferentes problemas e desafios que o mundo enfrenta.
E Biden confirmou a grande ruptura com o unilateralismo, abraçada pela Administração Trump, que o mundo vinha reclamando que fosse feita pelos Estados Unidos, regressando ao multilateralismo, que sempre foi um modelo de política que favoreceu a cooperação entre todos os países e a procura de soluções consensuais.
O Presidente norte-americano, que, como era de esperar, disse que os EUA vão continuar a defender-se, a defender os seus aliados e os seus interesses, contra ataques, incluindo ameaças terroristas, e que estão preparados para usar a força, se necessário, sublinhou, entretanto, que “o poder militar deve ser a nossa última ferramenta, não a primeira, e não deve ser usada como a resposta para todos os problemas que vemos em redor do mundo”. Biden foi categórico ao afirmar que “as bombas e as balas não podem defender contra a Covid-19 ou as suas futuras variantes. Para lutar contra esta pandemia, precisamos de um acto colectivo de ciência e vontade política”.
Por outro lado, ao afirmar que os Estados Unidos não estão à procura de “uma nova guerra fria” e que estão “prontos para trabalhar com qualquer país que procure uma resolução pacífica para desafios conjuntos, mesmo tendo divergências intensas em outras áreas”, Biden enuncia uma nova forma de actuação, que, entretanto, o mundo, expectante, espera para ver como na realidade ela se vai concretizar. Para já, a retirada das forças norte-americanas do Afeganistão foi um sinal dessa nova política. Com Biden na Presidência, o Secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, já pode respirar com algum alívio, pois tem mais facilitada a tarefa de lidar com alguns dossiers mundiais, como é o caso da questão climática, para a qual a nova Administração americana se mostra mais sensível e aberta, na procura de soluções e tomada de medidas.
Guterres elencou as alterações climáticas, o assalto à paz em todo o mundo, o fosso entre ricos e pobres, a desigualdade de género, a divisão tecnológica ou digital e a geracional como sendo as seis grandes questões que o mundo deve procurar resolver, tendo considerado “uma obscenidade” e uma “falha ética” grave não haver uma distribuição uniforme das vacinas para combater a Covid-19.
Para Angola, pode-se dizer que esta Assembleia Geral das Nações Unidas decorre num ambiente favorável, em que é possível aproveitar o contexto de relativa distensão política internacional para consolidar a materialização das linhas de força da cooperação para avançar com projectos na perspectiva da diversificação da economia.
Para Angola, pode-se dizer que esta Assembleia Geral das Nações Unidas decorre num ambiente favorável, em que é possível aproveitar o contexto de relativa distensão política internacional para consolidar a materialização das linhas de força da cooperação para avançar com projectos na perspectiva da diversificação da economia