Patrice Talon recebe o líder da oposição
do Benin, Patrice Talon, encontrou-se, quartafeira, com o seu antecessor, Thomas Boni Yayi, pela primeira vez em cinco anos, indicando um possível degelo nas relações entre o Governo e a oposição.
Boni Yayi, 70 anos, chegou sorridente e foi calorosamente recebido antes da reunião de uma hora no Palácio Presidencial, relatou um jornalista da AFP. Posteriormente, Talon, de 63 anos, disse aos repórteres que teve prazer em ver Boni Yayi, mais uma vez, “neste lugar que guarda memórias” da sua Presidência de uma década.
Por sua vez, Boni Yayi disse que fez algumas propostas ao Presidente, nomeadamente para que ele acabasse com as prisões políticas para que todos os exilados possam voltar para casa. Talon, um magnata do algodão, financiou as eleições presidenciais de Boni Yayi em 2006 e 2011, mas zangaramse no final de 2012, levandoo a deixar o país por três anos.
Apesar das críticas de ser contundente com os seus opositores, Talon tem sido elogiado pelos esforços para desenvolver o país de cerca de 12 milhões de pessoas. Após as eleições de 2016, os dois dirigentes mantiveram conversações mediadas pelo Presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, mas não se conseguiram reconciliar. As tensões reacenderam durante as eleições legislativas de 2019, quando Boni Yayi questionou a legalidade das urnas, após o que as forças de segurança cercaram a sua casa por quase dois meses, levando-o ao exílio.
Em Novembro de 2019, Talon e Boni Yayi deveriam encontrar-se, mas o ex-presidente não apareceu no Palácio. As tensões ressurgiram em Abril deste ano, quando Talon foi reeleito Presidente com mais de 86 por cento dos votos. A maioria das principais figuras da oposição não teve permissão para concorrer, alguns foram presos e a violência eclodiu no centro do Benin, a região natal de Boni Yayi. Os soldados dispersaram os manifestantes que montaram barricadas e pelo menos duas pessoas foram mortas a tiro e dezenas de activistas da oposição acabaram presos ou conseguiram fugir para países vizinhos.
Reckya Madougou, uma das líderes da oposição, impedida de concorrer, foi detida em Março sob acusações de conspirar para interromper a votação, o que o seu advogado disse ter motivação política. Outra figura da oposição, o académico Joel Aivo, foi preso após a eleição, assim como dezenas de activistas.