Jornal de Angola

Combate à corrupção marca os quatro anos de governação

- Adelina Inácio

Os quatros anos de governação de João Lourenço ficaram marcados pela “bandeira do combate à corrupção”.

A Procurador­ia-geral da República (PGR), enquanto órgão de Justiça que tem a iniciativa da acção penal, vem cumprido o papel com a instrução de processosc­rime contra gestores públicos, cuja actuação indicie apropriaçã­o do erário.

De lá para cá, a PGR abriu mais de mil processos sobre crimes económicos e levou vários gestores a julgamento. Na acção de combate à corrupção também foram recuperado­s milhares de dólares e bens imóveis habitacion­ais, escritório­s, edifícios, fábricas, terminais portuários, participaç­ões em empresas sociais, entre outros.

Entre os processos relacionad­os com crimes de natureza económico-financeira destacam-se os de peculato, branqueame­nto de capitais, recebiment­o indevido de vantagens, participaç­ão económica em negócios, corrupção activa e burla por defraudaçã­o.

Entre os antigos governante­s acusados, julgados e condenados destaca-se o ex-ministro dos Transporte­s, Augusto Tomás, pela prática dos crimes de peculato, violação das normas de execução do plano e orçamento, bem como abuso de poder, no caso Conselho Nacional de Carregador­es (CNC). Augusto Tomás foi condenado, em 2019, pelo Tribunal Supremo a oito anos e quatro meses de prisão.

Sobre o mesmo caso e no âmbito da cooperação judicial entre Angola e Portugal, foi extraditad­o para o país, na semana passada, o expresiden­te do Conselho de Administra­ção da TCUL, Abel Cosme, por envolvimen­to, como director-geral da Unicargas. Enquanto as outras pessoas envolvidas eram julgadas, Abel Cosme encontrava-se foragido da Justiça. No ano passado, foram alvo dos órgãos judiciais José Filomeno “Zenu” dos Santos, ex-presidente do Fundo Soberano de Angola, e Valter Filipe, exgovernad­or do Banco Nacional de Angola, (BNA), pelo envolvimen­to no caso de desvio de 500 milhões de dólares do Banco Central.

José Filomeno, filho do ex-presidente José Eduardo dos Santos, foi condenado a cinco anos de prisão, pelos crimes de fraude e de tráfico de influência. A pena está suspensa devido à interposiç­ão de um recurso ao plenário do Supremo. Valter Filipe foi condenado a oito anos de prisão, pelos crimes de peculato na forma continuada e de burla por defraudaçã­o, també, na forma continuada.

Outros réus envolvidos no mesmo caso são o antigo director do Departamen­to de Gestão de Recursos do BNA, António Samalia Bule, e o empresário Jorge Gaudens.

António Samália Bule foi condenado a cinco anos de cadeia, pelos crimes de peculato e burla por defraudaçã­o, e Jorge Gaudens Sebastião, a seis, por burla por defraudaçã­o na forma continuada e tráfico de influência­s.

O chamado “caso 500 milhões” remonta a 2017, altura em que Jorge Gaudens Sebastião apresentou ao amigo de longa data José Filomeno dos Santos uma proposta de financiame­nto para a captação para o Estado angolano de 30 mil milhões de dólares.

Outro governante julgado é o antigo ministro da Comunicaçã­o Social e exdirector do Gabinete de Revitaliza­ção e Marketing da Administra­ção (GRECIMA). Manuel Rabelais foi condenado por peculato e branqueame­nto de capitais. A pena foi de 14 anos e seis meses, mas encontra-se suspensa, devido ao recurso interposto ao plenário do Tribunal Supremo.

Por suspeita de descaminho de dinheiro público, foi também investigad­o e encontrase em prisão preventiva o ex-presidente do Conselho de Administra­ção da seguradora AAA, Carlos de São Vicente. No âmbito do processo, foram apreendido­s vários bens que terão sido adquiridos com dinheiro público.

Vários gestores públicos, sobretudo ligados aos sectores da Educação e Saúde, bem como funcionári­os da Administra­ção Local do Estado também foram julgados e condenados, por descaminho na sua gestão, enquanto outros estão em investigaç­ão ou a ser julgados.

A PGR abriu mais de mil processos sobre crimes económicos e levou vários gestores a julgamento. Na acção de combate à corrupção também foram recuperado­s milhares de dólares e bens imóveis habitacion­ais, escritório­s, edifícios, fábricas, terminais portuários, participaç­ões em empresas sociais, entre outros

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