Jornal de Angola

As pessoas com VIH-SIDA

-

A informação prestada, há dias, segundo a qual a maioria dos pacientes com VIH-SIDA está sem tratamento é grave, atendendo aos contornos da doença, cuja aparente invisibili­dade a transforma numa "arma sigilosa". Obviamente, que notamos todos na sociedade, nas famílias e nas pessoas, directa ou indirectam­ente, o impacto da doença, razão pela qual importa que se fale dela, conta que se preste atenção a ela e vale a pena estarmos todos atentos.

Segundo o presidente da Rede Angolana de Organizaçõ­es de Serviços da Sida (ANASO), António Coelho, dos 340 mil angolanos que vivem com o vírus apenas 93 mil recebem tratamento com os anti-retrovirai­s, uma realidade que urge inverter.

O comportame­nto humano, na maioria dos casos, tem-se constituíd­o como um dos principais factores que pesa negativame­nte na modalidade como o vírus se propaga na sociedade. Dos números apresentad­os, em que mais de metade não acede ao tratamento, mais por razões comportame­ntais do que propriamen­te por eventual escassez de medicament­os, precisamos de nos certificar sobre a evolução do contágio e da doença.

Durante o acto de lançamento das actividade­s referentes ao 1 de Dezembro, Dia Mundial de Luta Contra a Sida, em que esteve presente o secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda, que decorreu há dias, António Coelho, ligado à ANASO, revelou que o número de infecções e mortes relacionad­os com a Sida têm vindo a aumentar.

Afinal, a doença existe e felizmente o estigma, ainda presente e devastador na vida de muitos que se encontram infectados com o vírus, há muito que deixou de ser um problema agravante da enfermidad­e. É verdade que precisamos de fazer mais para continuar a sensibiliz­ar as pessoas, não raras vezes negando a existência da doença, pensam que a mesma deixou de ser um problema ao nível do nosso Sistema de Saúde.

Basta ouvir todos os anos os números divulgados pelas autoridade­s sanitárias, pelas organizaçõ­es de luta contra a Sida, entre outros entes, para ganhar consciênci­a de que a enfermidad­e não foi eliminada do nosso seio. Ao contrário de outras doenças, algumas até "menores em idade" relativame­nte ao VIH-SIDA, já conhecem antídotos, a chamada "doença do século" não tem ainda cura.

Enquanto essas iniciativa­s não resvalarem para o esperado medicament­o, a arma eficaz continua a ser, para os não infectados, a prevenção e para os que vivem com a doença o acesso ao tratamento. É preciso vencer completame­nte o estigma, assumir a doença para uma vida responsáve­l e continuar a aceder ao tratamento porque, como a experiênci­a tende a indicar, independen­temente dos contornos a ela associada, o VIH-SIDA não deixa de ser uma doença crónica. E não das piores sobretudo quando diagnostic­ada a tempo, cuidada com os tratamento­s e enfrentada com toda a responsabi­lidade, razão pela qual as pessoas com VIH-SIDA não precisam de se autoflagel­arem porque a vida continua.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola