SADC em Cabo Delgado
Os últimos desenvolvimentos militares na província moçambicana de Cabo Delgado provam, de acordo com as avaliações preliminares no terreno, que a missão da força internacional de países africanos que lá se encontra, a pedido das autoridades de Moçambique, está a surtir os efeitos previstos. A missão, a julgar pelos últimos desenvolvimentos, está provar que o seu desdobramento pecou apenas por tardio, mas que, ainda assim, está a revelar-se como das melhores medidas tomadas pela sub-região no seu todo. Trata-se de um exemplo notável de uma comunidade que deve continuar a falar a uma só voz, responder aos desafios que enfrenta como problemas de todos e dar solução regional aos desafios que um determinado membro enfrente.
Tal como previam várias entidades no continente, a resposta regional enquadrou-se na velha lógica segundo a qual "para grandes males, grandes soluções", uma realidade que tardava em efectivar-se em Moçambique.
Felizmente, o Governo do Presidente Filipe Nyusi soube equacionar devidamente o que estava em jogo e tomar as melhores decisões no devido tempo. Ao autorizar o desdobramento de forças militares no Norte de Moçambique para combater a rebelião armada de cariz religioso, as autoridades moçambicanas fizeram a correcta leitura dos acontecimentos relacionados com a rebelião, a segurança na parte Norte e em toda a região circundante.
Esta é uma das razões que levam o Governo moçambicano e a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) a encarar a necessidade de um encontro para avaliar a missão da organização regional.
A missão da SADC tinha chegado em Agosto do corrente ano e as últimas informações sobre o desempenho demonstram uma clara progressão.
Embora persistam os ataques esporádicos nas zonas sob risco da actividades da rebelião armada, não há dúvidas de que muito mudou na medida em que há, hoje, um maior controlo por parte das forças militares da SADC.
A iniciativa da Governo moçambicano e a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), meses depois do arranque das operações, em realizar uma espécie de balanço é oportuna na medida em que, entre outras coisas, permitirá uma leitura aprofundada sobre o que se está a passar, correcções sobre o processo e eventualmente reformular os objectivos.
Diz-se que há dias, o Presidente Filipe Nyusi terá estendido a mão aos rebeldes que se queiram render, um gesto que as autoridades moçambicanas formulam pouco depois de informações que davam como certa a liquidação de uma das distintas figuras do grupo Anzzar Al Sunna.
Acossados pelas forças de Defesa de Segurança mistas, a actuarem em Cabo Delgado, é provável que a rebelião armada em Cabo Delgado esteja a sentir o aperto e que por consequência dessa realidade possa existir espaço para uma saída política.