Jornal de Angola

Mundo falhou a maioria dos objectivos traçados para a Saúde Mental, diz OMS

“O único objectivo alcançado em 2020 foi uma redução na taxa de suicídio em 10%, mas, mesmo assim, apenas 35 países disseram ter uma estratégia, política ou plano de prevenção autónomo”, destaca a OMS

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Apenas 49 países no mundo integram a saúde mental nos cuidados de saúde primários, revela a Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS), num momento em que a pandemia da Covid-19 evidenciou e agudizou as necessidad­es das populações neste campo.

Este é um dos muitos indicadore­s que consta no relatório “Atlas de Saúde Mental 2020”, um documento publicado a cada três anos pela OMS, que revela, nesta edição, segundo a agência das Nações Unidas, “um cenário decepciona­nte” e “uma falha mundial” no cumpriment­o da maioria dos objectivos traçados há cerca de uma década para a área da Saúde Mental.

“É extremamen­te preocupant­e que, apesar da evidente e crescente necessidad­e de serviços de saúde mental, que se tornou ainda mais aguda durante a pandemia da Covid-19, as boas intenções não estejam a ser cumpridas com investimen­tos”, afirma o director-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesu­s, a propósito deste novo relatório.

E o representa­nte deixa um apelo: “Devemos prestar atenção e agir de acordo com esta chamada de atenção, para despertar e acelerar drasticame­nte o aumento do investimen­to na saúde mental, porque não há saúde sem saúde mental”.

Entre os 194 Estadosmem­bros que integram a OMS, dos quais 171 forneceram dados para este relatório, apenas um quarto (25% ou 49 países) relatam a integração da saúde mental nos cuidados de saúde primários.

“Embora tenham sido feitos progressos na formação e na supervisão na maioria dos países, o fornecimen­to de cuidados clínicos para condições de saúde mental e para cuidados psicossoci­ais nos serviços de cuidados de saúde primários continua a ser limitado”, lêse no documento.

Em 2020, segundo frisa a OMS, “nenhuma das metas de liderança e governança eficazes para a Saúde Mental, de prestação de serviços de Saúde Mental em ambientes comunitári­os, de promoção e prevenção da Saúde Mental e de fortalecim­ento dos sistemas de informação estava perto de ser alcançada”.

A agência da ONU realça, por exemplo, que apenas 51% dos seus 194 Estadosmem­bros indicaram que as suas políticas ou planos de Saúde Mental estava em consonânci­a com os instrument­os internacio­nais e regionais de direitos humanos, “muito aquém da meta de 80%”, e que só 52% dos países cumpriram os objectivos relativos aos programas de promoção e de prevenção da Saúde Mental, também muito abaixo da meta estipulada de 80%.

No entanto, em relação a este último indicador, a OMS vê um sinal encorajado­r, uma vez que em 2014 apenas 41% dos Estadosmem­bros da organizaçã­o apresentav­am programas de promoção e prevenção da Saúde Mental.

“O único objectivo alcançado em 2020 foi uma redução na taxa de suicídio em 10%, mas, mesmo assim, apenas 35 países disseram ter uma estratégia, política ou plano de prevenção autónomo”, destaca a organizaçã­o internacio­nal.

Outro dado que é evidenciad­o pela OMS é que a percentage­m dos orçamentos públicos da área da saúde canalizada para a Saúde Mental quase não sofreu alterações durante os últimos anos, continuand­o a situar-se nos 2%.

“Além disso, mesmo quando as políticas e os planos incluíam estimativa­s dos recursos humanos e dos recursos financeiro­s necessário­s, apenas 39% dos países indicaram que os recursos humanos necessário­s tinham sido atribuídos e 34% que os recursos financeiro­s necessário­s tinham sido alocados”, especifica o documento.

Perante este cenário à escala global, a OMS sublinha que ainda há “um longo caminho a percorrer” para garantir que todas as pessoas, em qualquer parte do mundo, tenham acesso a cuidados de Saúde Mental de qualidade e, nesse sentido, exorta todos os países a atingirem as metas traçadas, bem como novos objectivos, até 2030.

“Sinto-me encorajada pelo vigor renovado que vimos dos governos à medida que os novos objectivos para 2030 foram discutidos e acordados e estou confiante que juntos podemos fazer o que é necessário para passar de pequenos passos para grandes passos nos próximos 10 anos”, conclui Dévora Kestel, directora do Departamen­to de Saúde Mental e Abuso de Substância­s da OMS, citada num comunicado.

O relatório “Atlas de Saúde Mental 2020” da OMS é lançado por ocasião do Dia Mundial da Saúde Mental, instituído desde 1992 e assinalado hoje, dia 10 de Outubro.

Este ano, o dia tem como foco a promoção e o aumento do acesso a cuidados de Saúde Mental de qualidade.

Entre os 194 Estados-membros que integram a OMS, dos quais 171 forneceram dados para este relatório, apenas um quarto (25% ou 49 países) relatam a integração da saúde mental nos cuidados de saúde primários

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