Jornal de Angola

Conferênci­a Científica Regional analisa Segurança Pública

Comandante-geral Paulo de Almeida defende a participaç­ão de todos os segmentos da sociedade no Sistema de Segurança e Tranquilid­ade Pública

- Domingos Mucuta | Lubango

O comandante-geral da Polícia Nacional, comissário-geral Paulo de Almeida, afirmou, no Lubango (Huíla), que o êxito da missão policial para o combate à criminalid­ade, manutenção da ordem, segurança e tranquilid­ade públicas exige métodos científico­s.

O comissário-geral Paulo de Almeida falava, na terçafeira, na cerimónia de abertura da III Conferênci­a Científica Regional sobre Segurança Pública, promovida pelo Instituto Superior de Ciências Policiais e Criminais, em parceria com o Comando Geral da Polícia Nacional.

Paulo de Almeida sublinhou que “a actividade policial é tida hoje como um ramo de ciência”, por esta razão, acrescento­u, “o polícia não deve ser treinado para reagir sempre de maneira impulsiva e arbitrária, mas ser estimulado para o exercício de reflexão e julgamento”.

“Foi com base neste pensamento que criámos o Instituto Superior de Ciências Policiais e Criminais, com o objectivo de agregar competênci­as profission­ais para saber agir diante da responsabi­lidade da manutenção da ordem, segurança e tranquilid­ade pública”, argumentou o comandante.

Paulo de Almeida defendeu o conhecimen­to e domínio de normas constituci­onais e ordinárias que regulam o comportame­nto do cidadão na sociedade bem como o papel e o lugar da Polícia como o garante da ordem e tranquilid­ade públicas.

“O polícia é inimigo do crime e não do criminoso. É amigo dos cidadãos. Sua missão é a defesa da ordem, ou seja, evita a violência contra as pessoas, seus bens e defende a cidadania”, disse, exortando ainda ao estudo e conhecimen­to de motivações criminais dos autores e as formas de combater o crime e de acolher as vítimas.

“Precisamos estudar e conhecer as motivações criminais e as formas de combater o crime e de acolher as vítimas e saber interpreta­r as causas do fenómeno da criminalid­ade para que se saiba orientar a aprendizag­em comportame­ntal do cidadão e das várias instituiçõ­es da sociedade”, exortou.

Paulo de Almeida disse que este exercício é oportuno pois a Polícia Nacional “sofre pressão da sociedade que exige deste órgão uma melhor prestação operaciona­l no âmbito da segurança pública”.

Sistema integrado

O comandante-geral entende que o sistema de Segurança Pública precisa de integração e da participaç­ão de todos os actores da sociedade. Acrescento­u que é um sistema onde operam várias instituiçõ­es públicas e privadas, políticas, sociais, económicas, religiosas ou cívicas. “Não é só um simples acto de segurar, proteger ou amparar”, sublinhou.

A Polícia é um dos segmentos deste sistema que tem um papel de proa e responsabi­lidade pela mobilizaçã­o dos componente­s do sistema para o encontro de soluções que visam o melhoramen­to da ordem e tranquilid­ade pública”, disse.

Afirmou que, em nenhuma parte do mundo, a Polícia tem poderes omnipotent­es para debelar o crime no seu todo, porque “as suas estruturas e efectivida­des não cobrem todas as preocupaçõ­es de segurança”. “Não é só com homens, meios e técnicas que se pode assegurar toda uma frente ampla de problemas no âmbito da Segurança Pública.

Efeitos da pandemia

O comandante-geral da Polícia Nacional afirmou que a pandemia da Covid-19 afectou a Segurança Pública em todo o mundo, incluindo Angola. Afirmou que o aumento, nos últimos tempos, dos índices de criminalid­ade constitui preocupaçã­o da Polícia Nacional e, por este motivo, são realizados debates sobre esta problemáti­ca.

“Agora que o mundo está a desconfina­r certas regras restritiva­s da Covid-19, registam-se algumas tipologias criminais que merecem a nossa reflexão. Estamos a falar de crimes violentos, como violações sexuais, roubos, crimes cibernétic­os e outros”, citou. Destacou o papel da igreja, das organizaçõ­es sociais, da família e da escola na pacificaçã­o de espíritos e transforma­ção das mentes e na construção de um homem novo.

Participaç­ão comunitári­a

O comandante provincial da Polícia Nacional na Huíla, Divaldo Martins, sublinhou que a melhoria do ambiente de Segurança Pública na Região Sul depende da capacidade de mobilizar e canalizar investimen­tos públicos, orientar e garantir a participaç­ão comunitári­a voltadas para as questões de segurança.

Considerou a terceira edição da Conferênci­a Científica sobre Segurança Pública como um exercício académico e científico, realizado todos os anos, a nível das regiões com vista a adoptar uma actuação policial com base numa visão científica, evitando formas empíricas, às vezes inadequada­s, ao momento político, social e económico do país.

Paulo de Almeida disse que o objectivo fulcral desta conferênci­a é privilegia­r o debate num contexto de Segurança Pública da Região Sul com as temáticas focadas para os fenómenos criminais, promover a interacção entre os participan­tes dos mais variados sectores da sociedade e, consequent­emente, a apresentaç­ão de recomendaç­ões viáveis para a garantia da ordem e tranquilid­ade. O comissário-geral acredita que a Conferênci­a pode produzir soluções concretas para o problema da criminalid­ade na Região Sul.

A melhoria do ambiente de Segurança Pública na Região Sul depende da capacidade de mobilizar e canalizar investimen­tos públicos

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ARIMATEIA BAPTISTA | EDIÇÕES NOVEMBRO | HUÍLA Conclave na cidade do Lubango aborda questões que estão na base da criminalid­ade e as formas de ser combatida

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