Colombo divide a América Latina
Figura central das comemorações do Dia da Hispanidade, que terça-feira se celebrou em Espanha e em países latino-americanos, o navegador Cristóvão Colombo motiva agora rejeição de povos indígenas, movimentos populares e alguns chefes de Governo da América Latina.
No México, a data - conhecida como Dia de Colombo ou Dia da Raça - foi marcada pelo Presidente Andrés Manuel López Obrador com uma mensagem em que afirma que “está comprovado cientificamente que não existem raças”, mas sim culturas.
López Obrador, do Movimento Nacional de Regeneração (Morena, esquerda), anexou à mensagem uma fotografia de uma pintura do sítio maia de Calakmul, no Sudeste mexicano do Estado de Campeche.
Depois de no ano passado as autoridades da capital mexicana terem removido uma estátua de Colombo, um monumento de Charles Cordier erguido no Século XIX, dias antes de uma manifestação para demolila, terça-feira o 529º aniversário da chegada do navegador à América foi assinalado com a substituição de uma outra estátua sua.
No lugar de Colombo, foi colocada a escultura “A jovem de Amajac”, em homenagem às mulheres indígenas.
Durante as recentes comemorações dos 500 anos da conquista do actual México por Hernán Cortés e dos 200 anos da Independência, o Presidente López Obrador elogiou a “resistência indígena” e tentou, sem sucesso, fazer com que o Governo espanhol se desculpasse perante os povos indígenas.
No ano passado, López Obrador descreveu o 12 de Outubro como uma data “muito polémica”, enquanto o Senado mexicano o declarou o Dia da Nação Pluricultural.
Para comemorar os 529 anos de “resistência” dos povos originários da América, dezenas de indígenas marcharam nesta terça-feira no município de San Cristóbal de las Casas, no Estado de Chiapas, no Sudeste do país.
Os manifestantes também concentraram os seus protestos contra o Estado mexicano para exigir, com bandeiras e varas nas mãos, liberdade e justiça para os “presos políticos” indígenas.
Este ano, o México comemora os 700 anos da fundação da cidade de Tenochtitlan (1321), os 500 anos da conquista de Hernán Cortés (1521) - um evento hoje conhecido como “resistência indígena” - e os 200 anos da consumação da Independência (1821).
Em Londres, jovens activistas do grupo Extinction Rebellion mancharam a tinta vermelha uma estátua de Cristóvão Colombo localizada em frente à Embaixada de Espanha na capital britânica.